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ACDEM – Igreja e comunidade unidas na zona leste paulistana

Por: hallak

Na década de 80, a zona leste paulistana era uma região bastante carente, onde os moradores iniciaram uma luta pela conquista de direitos como moradia, saneamento básico, mais escolas e infraestrutura.

A igreja católica teve um papel destacado nas mobilizações, pelo apoio que prestava à população em suas reivindicações. Foi então que, na Igreja São Francisco de Assis, no bairro de Ermelino Matarazzo, em 1985, que um grupo de mães começou a se reunir com pessoas voluntárias no salão paroquial para discutir a questão das crianças e jovens com deficiência na comunidade. “Nos anos 80 não tínhamos uma legislação e nem um atendimento adequado. Se bem que hoje, os autistas e as pessoas com deficiência mais dependentes ainda passam por desumanas exclusões”, afirma Antônio Luís Marchioni, o conhecido Padre Ticão, o grande incentivador das lutas populares na região.

O trabalho, iniciado em encontros semanais, evoluiu e, em fevereiro de 1989, foi inaugurada a primeira unidade da Associação da Casa dos Deficientes de Ermelino Matarazzo – ACDEM –  www.acdem.org.br. Hoje são sete locais que prestam atendimento a cerca de 726 pessoas, de recém-nascidos até 60 anos, diariamente. “Nosso trabalho é questionador e busca mostrar aos pais e mães que todas as pessoas com deficiência devem ter um tratamento digno, humano, generoso e acolhedor”, explica Padre Ticão. “A maior reclamação nos últimos 35 anos é que as escolas públicas ainda não conseguem dar um atendimento de cidadania. Os núcleos da ACDEM são espaços de integração, educação e consciência de uma cidadania plena para todos e todas”, explica o padre.

A Igreja iniciou o trabalho, mas agora a associação é autônoma e independente, apesar de contar com todo apoio da Igreja. A entidade busca trabalhar em conjunto com diversas instâncias. “Temos uma articulação com os poderes públicos e ONGS que trabalham com pessoas com deficiência. É fundamental uma rede para somar forças com as famílias”, conta Ticão, que ainda hoje participa ativamente, motivando, apoiando e traçando diretrizes.

As unidades estão espalhadas pela zona leste, em: Ermelino Matarazzo, União de Vila Nova, Vila Robertina, Jardim Belém e Jardim Helena. A mais nova foi inaugurada em 2015 e ainda hoje promove uma campanha de doações para terminar de ser equipada e mobiliada. Cada uma atua em uma área, como apoio educacional, atenção à saúde, habilitação e reabilitação social e educação especial. Também participa de outros serviços em convênio com secretarias municipais e estaduais, dispondo de abrigo, centro para crianças e adolescentes, educação infantil, telecentro e restaurantes populares. “A ACDEM cresceu nesses 28 anos com muita luta, mas ainda tem muito caminho a percorrer”, diz Maria Natália Ramos, coordenadora geral. “Temos um atendimento especializado, nossos colaboradores são contratados no regime CLT, na grande maioria graduados e pós-graduados”, conta. Para 2017, entre os vários planos, ela informa que estão a construção do prédio da escola e o Projeto Cultural de Música.

Para padre Ticão, uma grande preocupação da entidade e das famílias atendidas é a terceira idade das pessoas com deficiência. Se no passado elas viviam uma média de 25 a 30 anos, hoje há um grande número de pessoas mais velhas e com qualidade de vida. Em dezembro de 2016 a entidade organizou um seminário sobre envelhecimento e, neste ano, pretende organizar outro. “É um tema a se construir, novas práticas para um futuro que já é presente”, finaliza, aproveitando para fazer um apelo às empresas e população em geral para que ajudem no trabalho da entidade.

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