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Alunas do Colégio Sesi Internacional são finalistas na feira Ciência Jovem, com projeto sobre Libras

Por: Marcos Neves

Um projeto desenvolvido por duas estudantes do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Internacional de Curitiba, no Paraná, foi escolhido como finalista da feira pernambucana Ciência Jovem, que aconteceu entre os dias 11 e 13 de novembro e neste ano teve uma edição realizada 100% de forma on-line.

De acordo com estimativa do IBGE, 9,7 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência auditiva ou são surdos. Pensando nas dificuldades de socialização enfrentadas por crianças e adolescentes surdos, principalmente na escola (cerca de 1 milhão de surdos estão em idade escolar), as alunas Giovana Pereira de Assis, 16 anos, e Eduarda Lopes Kurzawa, 14 anos, estão desenvolvendo um projeto para sensibilizar o público ouvinte sobre a Libras. O trabalho tem supervisão da professora Flávia Maria Gonzaga Alves Ferreira.

A iniciativa consiste em um jogo digital, o Speak Race, que se destina a servir como ferramenta de aprendizagem para crianças e adolescentes ouvintes que desejam conhecer e aprender a língua para se comunicar com surdos. “Uma das premissas do Colégio Sesi da Indústria é que os alunos tenham senso crítico e capacidade de resolver problemas. Com esse projeto, ficamos felizes em ver que estamos no caminho certo e que a Giovana e a Eduarda conseguiram reunir essas habilidades a uma causa social ainda mais importante, que é a inclusão de crianças surdas no ambiente escolar, com a sensibilização de ouvintes para a Libras”, comemora Jacielle Ribeiro, coordenadora de educação do Sistema Fiep.

 Como surgiu a ideia

Ainda que nenhuma das alunas tenha contato direto com surdos, elas contam que a ideia do projeto surgiu de uma percepção da necessidade de apresentar a Libras aos ouvintes para promover uma maior inclusão dos surdos na sociedade, já que a língua é reconhecida como segundo idioma oficial do Brasil desde 2002. “O Brasil tem como idioma oficial a Libras e, mesmo assim, a minoria da população tem conhecimento do idioma. Fora a questão educacional, a criança surda ainda sofre com a socialização ou a falta dela no ambiente escolar. Esse isolamento foi o que nos motivou a buscar uma alternativa que pudesse ajudá-las”, explica Giovana.

Além do projeto, as alunas desenvolveram uma pesquisa que contou com a participação de 221 estudantes do Colégio Sesi Internacional. O resultado foi que 93% não têm qualquer tipo de conhecimento do idioma, sendo que 32,8% alegam falta de oportunidade e 32,3% dizem que não têm interesse no assunto. Por isso, surgiu a ideia de desenvolver um jogo, que “seria mais atrativo para o nosso público-alvo, que são as crianças, mantendo a concentração dela no aplicativo”, como diz Eduarda. “A ideia de um jogo que pudesse introduzir esse ensino da Libras veio ao encontro com o papel que a tecnologia tem hoje na educação e a facilidade que as crianças têm em lidar com ela. E porque notamos a necessidade de uma ferramenta que atraísse os alunos ouvintes a essa aprendizagem”, completa a aluna Giovana.

A dinâmica do jogo proposto pelas estudantes foi de corrida interminável, que funciona da seguinte forma: o avatar corre de encontro às estrelas, mas só consegue a pontuação se acertar uma pergunta relacionada a Libras. Os templates do jogo já estão prontos, agora as alunas estão na fase de programação do aplicativo. “Me sinto muito feliz por um projeto em que eu estou desenvolvendo esteja criando corpo, assim por dizer. É gratificante quando você vê que algo que você produziu estar sendo reconhecido e apreciado”, ressalta Eduarda. E a alegria de ser finalista em uma feira de ciências é compartilhada pela professora Flávia Maria Gonzaga Alves Ferreira. “Acompanhar a Giovana e a Eduarda no projeto do jogo Speak Race é uma grande satisfação! Ambas são muito interessadas e possuem uma visão ampliada dos diferentes problemas sociais que encontramos em nosso país”, diz.
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