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Ano foi difícil, mas mercado tem esperança no futuro

Por: hallak

O título acima ajuda a resumir a situação do setor que reúne produtos e serviços destinados às pessoas com deficiência e Tecnologia Assistiva.

Afinal, o Brasil “produz” cerca de 500 novos casos por dia de pessoas com deficiências das mais diversas, decorrentes da violência urbana, dos acidentes de trânsito, da prática de esportes radicais e de problemas congênitos. É um mercado que movimenta cerca de R$ 5,5 bilhões por ano e cresce de 15 a 20% ao ano, na avaliação da ABRIDEF – Associação Brasileira da Indústria, Comércio e Serviços de Tecnologia Assistiva.

Os consumidores com deficiência e mobilidade reduzida precisam de produtos e serviços que são cruciais para a reabilitação, inclusão e melhor qualidade de vida. Apesar disso, 2016 acabou sendo um ano “atípico”, na avaliação de muitos atores desse segmento, que ressaltaram a forte crise político/financeira para justificar a diminuição da produção e dos investimentos, com receio deste delicado momento. Mesmo as pessoas com deficiência comprando por necessidade, elas acabam muitas vezes postergando a compra e isso traz uma retração na indústria, no comércio e nos serviços.

Segundo a ABOTEC – Associação Brasileira de Ortopedia Técnica, muitos pacientes que faziam suas órteses e próteses em oficinas ortopédicas particulares migraram para o SUS – Sistema Único de Saúde. Segundo o presidente da entidade, mesmo fornecendo para todo o Brasil, o SUS tem uma tecnologia antiga que, muitas vezes, dificulta a reabilitação do paciente. “Não podemos esquecer que os preços da tabela SUS são os mesmos há 8 anos. É impossível a quem fornece para o SUS ter um lucro justo e oferecer um produto de qualidade”, explica Peter Kuhn. A Associação, que tem 200 afiliados e é a maior da América Latina, reunindo profissionais protesistas e ortesistas, também registrou uma diminuição no seu número de associados, assim como no número de participantes em cursos que ministra, embora tenha realizado em 2016 mais de 20 cursos pelo Brasil, um número considerado recorde.

 

 O que fazer para melhorar ? Quais as expectativas para 2017 ?

Para o presidente da ABRIDEF e diretor/editor desta revista, Rodrigo Rosso, a primeira coisa a fazer é superar com inteligência esse momento de crise. A entidade é patronal e reúne as empresas do setor – indústria, comércio e serviços – e por isso, sente na pele os efeitos da crise política e econômica do País. As principais ações da ABRIDEF são junto ao Governo Federal em todas as suas instâncias – executivo, legislativo, ministérios – e o momento político em Brasília/DF não é dos mais favoráveis para reinvindicações setoriais, o que impediu muitos avanços e conquistas que estão parados nas pautas governamentais. Mesmo assim o presidente da ABRIDEF é otimista e espera um 2017 onde o mercado possa ao menos voltar a respirar. “Esse processo de retomada da economia é lento. Temos que estar preparados e ter perseverança, nunca deixando de fazer a nossa parte. Acredito que o pior já passou e que 2017 será sim um ano melhor”, afirma Rosso.

Do ponto de vista da ABOTEC, o governo deveria mudar a concessão das órteses e próteses, além de criar uma nova lista com itens melhores e que atendam às necessidades dos pacientes. O presidente da entidade dá um exemplo: uma prótese para um paciente jovem e ativo não pode ser a mesma de um idoso, as exigências são outras. “Isso não quer dizer que somente as próteses e órteses mais caras trarão benefícios aos pacientes, mas que é necessário adequar a melhor solução para cada paciente, isso é um direito constitucional, que não é cumprido como deveria”, explica Kuhn.

Ele também espera que a profissão seja reconhecida, um pleito que já dura 20 anos, com a votação no Senado do Projeto de Lei Nº 121, de 2015. “Nós da ABOTEC esperamos um 2017 melhor,  com uma economia em recuperação, mais confiante, e que nossos governantes se envolvam de corpo e alma em mudar a história atual, e transformá-la numa realidade mais digna, com justiça, igualdade, liberdade e com grande empenho em melhorar a vida de milhões de pessoas no Brasil”, finaliza.

 

 Empresas analisam o mercado

No comércio de cadeiras de rodas, produtos ortopédicos, andadores e estabilizadores, carrinhos motorizados e guinchos-elevadores para transferência de pacientes, por exemplo, Luciano Santos, diretor comercial da Monumento Casa Ortopédica, afirma que em 2016 houve uma das maiores desvalorizações cambiais desde a criação do Plano Real. Isso travou as importações que mesmo na linha de produtos nacionais têm grande relevância. “Soma-se isso a um cenário político e questões econômicas que estão aí no dia a dia de todos nós, o que mostra um momento recessivo muito delicado, que veio para ficar mesmo no médio prazo”, ele acredita. Santos afirma que houve retração de vendas tanto na indústria, seja pelo desaquecimento do varejo, assim como pela imobilização das compras públicas. Isso causou uma queda acentuada e constante nos resultados de venda no agregado total de valores. “Em quantidade, conseguimos praticamente manter as médias de anos anteriores adequando ao perfil de vendas do mercado que busca por versões de menor custo”, comenta o diretor sobre o desempenho de sua empresa.

Para dar novo fôlego ao setor, entre outras medidas, Santos sugere um maior apoio, divulgação e diminuição da burocracia por parte da linha de crédito do Banco do Brasil para esse segmento – BB Acessibilidade – com excelentes condições, o que permitiria um melhor planejamento do orçamento das famílias e um mercado mais aquecido, com fôlego aos lojistas. Para 2017 ele crê na manutenção desse cenário de estagnação com melhoras crescentes mas em ritmo lento. “Temos que ter a humildade em reconhecer que há a necessidade de adaptações com um novo cenário que nos faz ter que ser criativos, estabelecer parcerias, rever fornecedores e saber também olhar para dentro da empresa, visualizando no que se pode tornar mais eficiente.”

No setor produtivo, a Ottobock do Brasil, que trabalha com componentes para próteses, aparelhos ortopédicos e órteses, cadeiras de rodas, almofadas e acessórios, também concorda que a desaceleração da economia impactou o segmento de Tecnologia Assistiva, reduzindo o volume de concessão dos equipamentos ortopédicos no segmento público. “Felizmente na contramão deste processo, o segmento privado manteve o crescimento dos últimos anos, o que promoveu o equilíbrio dos objetivos esperados”, analisa Ricardo Oliveira, diretor de Vendas e Marketing da empresa.

Para impulsionar o setor, ele sugere uma maior eficiência na gestão dos recursos, priorizando as demandas de acordo com as necessidades das unidades de reabilitação. Também sugere uma revisão dos itens codificados na tabela de referência do SUS, visando atualização da oferta de novas tecnologias que melhoram a qualidade de vida dos usuários pela sua maior capacidade de atendimento das demandas individuais. Também diz serem necessários planos estratégicos para a descentralização regional das unidades de reabilitação com maior cobertura das áreas do interior, pois hoje é notada a concentração em regiões metropolitanas, dificultando o acesso e agilidade do atendimento especializado da população. É necessária, ainda, segundo ele, a capacitação das equipes interdisciplinares responsáveis pela reabilitação das pessoas com deficiência, assim como Incentivos fiscais para a matéria prima da indústria primária e aumento de facilidades financeiras (linhas de créditos) para impulsar o acesso às novas tecnologias. Oliveira acredita na recuperação do setor em relação a 2016, “fator que sustentaria os planos de investimentos projetados pela empresa para os próximos anos, buscando manter a liderança de mercado da Ottobock no Brasil e América Latina”, explica.

“O segmento da pessoa com deficiência, certamente, teve uma grande visibilidade com o advento das Paralimpíadas. O desafio agora é utilizar esta motivação e imagem positiva conquistada para que possamos avançar na construção de uma sociedade diversificada, garantindo os direitos e cidadania desses indivíduos”, finaliza o diretor.

No caso da Expansão – Tecnologia Terapêutica Dinâmica, que trabalha com adequação postural personalizável, interação sensorial, posicionadores e facilitadores, 2106 foi um ano desafiador e influenciado por conta do ambiente político, que refletiu no econômico. “A expectativa era de que após a definição relacionada ao processo de impeachment haveria uma melhora significativa, o que não aconteceu”, afirma o diretor comercial Eurípedes Fernandes de Oliveira Júnior. “Buscamos sempre diversificar a nossa estratégia e ação para equilibrar nossos negócios e esforços entre os canais público (governo), institucional (associações), rede de revendas e consumidor final, contudo sentimos uma clara retração na demanda”, explica. Para impulsionar o setor, Fernandes acredita que o acesso ao crédito “mais barato” ajudaria muito o segmento. “Por outro lado, há uma questão específica relacionada ao SUS que não diferencia ou não ‘enxerga’ níveis diferentes de pessoas com paralisia cerebral, por exemplo, fornecendo produtos a valores fixos que não favorecem o acesso desses pacientes a produtos que, efetivamente, ‘mudam a vida’ deles e dos seus familiares” conta.

Já para 2017 a expectativa é positiva e a Expansão está atualizando a linha de produtos com lançamentos, realizando cursos e investindo em comunicação, afirma Fernandes. “É na crise que buscamos soluções. Eu diria que 2016 foi de muito aprendizado, de tomada de decisões rápidas, nos obrigando a sair da zona de conforto e mudando a forma de analisar e agir no mercado”, finaliza o diretor.

A Orthopauher, pioneira na fabricação de produtos ortopédicos de Silicone e Gel Polímero, também concorda que a crise econômica geral tem impactado os negócios. Mesmo assim, o diretor administrativo Yury Presbytero afirma que as ações tomadas pela empresa junto ao mercado fez com que o crescimento acima de dois dígitos verificado em 2015 se repetisse em 2016. Para que isso acontecesse, ele afirma que a empresa fez diversos ajustes e melhorias nos processos de compra, venda, contratos e relacionamento com clientes. “Na verdade, entendemos que esta crise em nosso setor é de oportunidades, quem conseguir ser mais eficiente pouco sofrerá ou até mesmo crescerá, como é o nosso caso. Acredito que o planejamento e muito preparo, treinamento e capacitação das pessoas poderiam fazer com o que o setor sofresse bem menos”, analisa Presbytero. “Inflação subindo, taxa de juros do Banco Central alta, restrição do crédito, aumento da inadimplência, crescimento do desemprego, diminuição da renda média e queda no PIB do país. Como não se assustar com essas manchetes, cada vez mais comuns no noticiário?”, ele pergunta. “Esse cenário é assustador, principalmente você que trabalha na área comercial que, muitas vezes, tem seu desempenho afetado por notícias como essas. No entanto, o conselho é: não é hora de se desesperar”.

O diretor acredita que, em 2017, haverá mais crescimento devido à melhora da economia, mais ocorrerá um impulso maior ainda para aqueles que souberam lidar com a resiliência no momento de recessão. “Com preparação e planejamento, é possível sobreviver à recessão e até mesmo crescer. Este foi um recado para minha equipe”, conta.

Já a Coloplast, empresa que trabalha com produtos para estomias, urologia, incontinência e tratamento de feridas, entre outros, e está presente em vários países, também considera que a condição macroeconômica e política trouxe inúmeros desafios para a área da saúde. De acordo com Everson Soares, diretor geral, e a gerente de Marketing Alessandra Garcia, em 2015 houve um corte da ordem de 11 bilhões de reais na saúde e isso se refletiu nos resultados de toda a indústria. “Também no setor privado, com o desemprego aumentando, houve uma diminuição no número de vidas asseguradas, trazendo mais um desafio para as empresas”, consideram. Segundo eles, apesar das dificuldades, o crescimento existe, mas de forma mais lenta que há quatro anos. “Seguimos com uma perspectiva positiva para os próximos anos, pois existem muitas áreas de oportunidade para melhorar o padrão de cuidado em saúde”, anunciam. Para impulsionar o mercado eles sugerem uma melhoria do acesso ao paciente, incorporando novas tecnologias e trazendo mais qualidade de vida para atender as necessidades íntimas das pessoas.

A Vanzetti trabalha com uma linha de brinquedos adaptados, como o playground para cadeirantes, e outros produtos dedicados a crianças com deficiência. Para o diretor Luiz Fernando Vansetti, o corte de verbas do setor público atingiu em cheio a empresa, provocando uma retração de 40% em 2016 em relação ao ano anterior. Como atua principalmente junto a esse setor, a empresa busca agora novos mercados, como lojistas, escolas e associações. “Estamos otimistas que as coisas irão melhorar em 2017 e iremos trabalhar bastante no que depender de nós”, promete Vansetti.

 

Adaptações veiculares

A Cavenaghi trabalha com adaptações veiculares para condutores e não condutores, além do comércio de cadeiras de rodas, equipamentos para reabilitação, entre outros itens, setor que verificou uma queda nas vendas driblada com busca de novas opções para os clientes seja em produtos como em canais de vendas. Dessa forma, segundo a diretora comercial Monica Cavenaghi, foi possível registrar crescimento mesmo em um ano de dificuldades.

O forte mesmo da empresa são as adaptações veiculares, aquelas necessárias para que pessoas com deficiência possam dirigir seus carros ou serem conduzidas neles. Para a diretora, foi sentida uma pequena retração no mercado de veículos particulares e uma alta de vendas no mercado institucional, em função das leis de acessibilidade que são cada vez mais difundidas e atendidas. E o que pode ser feito para impulsionar o setor ? “Muita criatividade por parte das empresas e luta de todo o segmento para que o poder público cumpra seu papel de promover a inclusão social e fomente, assim, o mercado de Tecnologia Assistiva. Não podemos nunca nos esquecer que nosso principal cliente deveria ser o estado e as seguradoras e não o cliente final. Seguramente é mais difícil discutir este assunto em anos recessivos como os que estamos passando, mas a pauta deve manter-se sempre viva”, diz a diretora.

Para 2017 ela tem boas expectativas: “Faremos lançamentos importantes de produtos e contamos, também, com um mercado institucional de veículos com isenção em alta. Em épocas de crise de nada adianta reclamar. É preciso fazer diferente. É preciso ter garra e paixão. Seguramente tem sido desafiador, mas não menos nobre e apaixonante”, conclui.

No mesmo segmento de adaptações está a Italmobility. O diretor Giacomo Morandini concorda que no mercado privado, devido à situação econômica, a situação é um pouco mais retraída. Em contrapartida, ele cita como exemplo a prefeitura de São Paulo que autorizou a introdução de 250 táxis adaptados e, logo após, a prefeitura de Porto Alegre/RS autorizou outros 90.

Morandini acredita que outras cidades brasileiras adotarão a mesma política das duas, inclusive para atender à Lei Brasileira de Inclusão, e isso poderá ajudar muito o setor. Por outro lado, ele não vê, no momento atual, possibilidade do Governo aumentar o limite do valor dos veículos com direito à isenção, hoje em R$ 70 mil, uma antiga revindicação. “O setor privado vai ficar penalizado por muito tempo ainda”, acredita. Para 2017 ele espera manter a empresa saudável, aguardando momentos melhores da economia nacional. “2016 foi um ano importante para a Italmobility, esperamos que o que foi semeado com entusiasmo possa ser colhido com sucesso nos anos vindouros”, conclui.

Outra empresa de adaptações veiculares, a Hélio Mobilidade, também sentiu uma retração em 2016 na comparação com 2015 devido aos fatores econômicos que atingiram fortemente o mercado nacional.  “A empresa sempre intensificou o seu trabalho em novas linhas de produtos para manter suas metas e se adaptar ao novo cenário nacional”, conta o gerente geral César Madeira. “Para o ano de 2017 buscaremos novas opções de produtos e segmento para retomar o crescimento dos últimos anos e nos mantermos como referência em adaptações veiculares”, promete.

 

Ainda os veículos

Quando se fala em veículos, muitos setores são envolvidos. Na compra um carro, por exemplo, é preciso providenciar toda a documentação. Aí entra o papel do despachante, que não teve um ano muito fácil, como conta Éder Santos, diretor da Inova Isenções: “2016 foi um ano bom, mas com muitas dificuldades na emissão das isenções de IPI e ICMS devido a greves dos postos fiscais”. Ele acredita que, para impulsionar o setor, deveria haver mais divulgação sobre o direto das pessoas com deficiência obterem esses benefícios. A expectativa para 2017 é de que, finalmente, o teto de R$ 70 mil para a compra de veículos com isenções seja reajustado.

No setor de autoescolas, o movimento, apesar de menor, se manteve. É o que conta a diretora comercial da Autoescola DF, Daniele Almeida: “2016 não foi como prevíamos mas não foi de todo ruim, inclusive inauguramos uma nova unidade em Sorocaba/SP. Estamos fora das estatísticas, contratando e ampliando a rede. Claro que diminuiu nosso número de clientes, mas estamos em pé”, garante. Ela também acredita que um aumento no teto do valor dos veículos para a concessão de isenções também daria um novo impulso. “Esperamos que o mercado comece a reagir porque houve um recuo com a instabilidade econômica”, afirma Daniele.

Outra área do setor é o de locação. Como se comportou o aluguel de carros adaptados e vans para esse público ? Quem responde é Leandro Zillig, diretor comercial da Azul Locadora. Devido à situação econômica do país, muitos eventos deixaram de acontecer e outros diminuíram de tamanho e reduziram o número de participantes. “Nós buscamos oportunidades ligadas aos eventos Olímpicos e Paralímpicos. Participamos, inclusive, do revezamento da Tocha Paralímpica no Rio de Janeiro, além de outras oportunidades ligadas aos jogos”, lembra Zillig. Segundo ele, o mercado de transporte de pessoas enfrentou um ano bastante difícil já que está ligado diretamente ao mercado de trabalho. Como muitas pessoas perderam seus empregos e muitas empresas precisaram reduzir o custo operacional, houve uma grande retração. Para impulsionar o setor ele sugere incentivos para compra de novos veículos com financiamento do BNDES-PSI (Programa de Sustentação de Investimento), a desoneração fiscal para compra de veículos e equipamentos e a retomada da economia de maneira geral. “Estamos com grandes expectativas para o próximo ano, onde podemos perceber a retomada da confiança dos empresários para realizarem novos investimentos, além de medidas do governo voltadas para o incentivo à retomada do crescimento econômico. Temos algumas incertezas ainda devido às mudanças no cenário econômico mundial. Para o nosso setor, a retomada das contratações produz impacto imediato no aumento do investimento em transporte de pessoas”, analisa o diretor.

Ele lembra ainda que, falando em transporte acessível, o próximo ano promete grandes mudanças, como a das normas de acessibilidade para os ônibus rodoviários e também veículos escolares, o que vai impulsionar o surgimento de novas empresas e também o investimento em renovação da frota. “Estamos otimistas”, encerra.

Outros setores

A Andaluz Acessibilidade trabalha com uma linha de sinalização podotátil, pisos táteis, sinalizações em Braile e sinalização visual e tátil. O ano não foi o esperado nem com as obras olímpicas: “Não tivemos uma demanda forte como imaginávamos”, conta o gerente administrativo Marco Antonio Baptista. “A falta de verba da Rio 2016 dificultou a contratação dos nossos serviços, tivemos uma certa demanda mas bem abaixo do esperado. A empresa sentiu uma retração muito forte na contratação de serviços e na venda de materiais, principalmente após o meio do ano”, lembra.

Para impulsionar o setor, Baptista acredita que deveria haver uma maior divulgação da norma para que haja consciência por parte das empresas sobre a necessidade de sua aplicação, além de maior e melhor fiscalização para seu cumprimento. Uma redução ou isenção de impostos para tornar os produtos mais acessíveis também seria necessária. As expectativas para 2017 não são muito animadoras mas o gerente espera uma reação da atividade econômica, principalmente da construção civil que é o setor que mais afeta a empresa quando está em crise. “Espero que possamos ver uma retomada da economia e que possamos conseguir incentivos fiscais para que o produto se torne mais acessível a todos, tornando assim a vida mais fácil para as pessoas com deficiência”, encerra Baptista.

Em outra vertente, de aparelhos para pessoas surdas, está o grupo Microsom, que não tem motivos para queixas em 2016. De acordo com o diretor comercial Dilson Pavezi, o canal de varejo do grupo teve um crescimento de 30% no faturamento, resultado de investimentos realizados no passado, abertura de novas lojas e bom atendimento. “Os aparelhos auditivos ainda sofrem um grande preconceito da maior parte da população. Eles ainda possuem uma imagem antiquada, de que são grandes, esteticamente pobres e com poucos recursos tecnológicos. O que muitos não sabem é que, atualmente, os aparelhos auditivos são extremamente discretos e tecnológicos. Há aparelhos que se conectam com smartphones e que é possível, por exemplo, atender as ligações do celular ou escutar músicas com o áudio diretamente no aparelho auditivo. É possível, também, usar o smartphone para controlar o volume do aparelho auditivo, entre outras diversas comodidades”, conta Pavesi.

Para 2017, o diretor informa que a projeção é manter o mesmo ritmo de crescimento na principal linha da empresa, a linha de aparelhos auditivos, mas espera alcançar um faturamento maior devido ao aumento no portfólio de produtos, com equipamentos para fonoaudiólogos e com o CPAP, aparelho para tratamento da apneia.

Outro setor que experimenta um crescimento constante é o que trabalha com as áreas de cultura e entretenimento. É o caso da Steno, que permite acessibilidade às pessoas com deficiência auditiva ou visual, fornecendo legendas em texto, Libras (língua de sinais) e audiodescrição (narração oral), em tempo real e em diversos idiomas, entre outras atividades. Para o diretor comercial Wagner Medici, as pessoas estão mais conscientes. Ano a não, as empresas e o governo vem percebendo que é uma parte da sociedade muito importante, de milhões de pessoas que precisam ser atendidas. Além das necessidades de acessibilidade, essas pessoas são trabalhadores, consumidores e contribuintes.

Para impulsionar o setor, Medici acredita que os órgãos reguladores precisam ser mais eficientes na cobrança da legislação já aprovada, para que seja cumprida com qualidade. Para 2017, ele espera que a ANCINE – Agência Nacional do Cinema, termine a avaliação das tecnologias que proporcionem acessibilidade nas salas de cinema para pessoas com deficiência auditiva e visual. “Já proporcionamos essa experiência em teatro, com as peças Tribos e Vermelho, do produtor e ator Antonio Fagundes, com um retorno ótimo”, conta Medici. Para ele ainda há muito a ser feito, principalmente em educação e conhecimento: “Quando digo isso não é somente para pessoas com deficiência mas, principalmente, para a população em geral. Sabemos que é difícil, principalmente nos dias de hoje, mas devemos sempre acreditar”, diz o diretor, comemorando um crescimento no uso de recursos de acessibilidade nas produtoras de conteúdo, de 2015 para 2016, por volta de 60%.

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