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Curso de Libras da PUC-SP deve chegar a 400 alunos

Por: hallak

EDUCAÇÃO

No primeiro semestre deste ano, a Derdic – Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação, unidade sem fins lucrativos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), poderá chegar a 400 alunos cursando a Língua Brasileira de Sinais – Libras. No ano inteiro de 2017, o curso teve 750 alunos, o que significou uma média pouco superior a 350 por semestre.

Usada como língua de comunicação pela população surda brasileira, a Libras passou a ser a segunda língua oficial do Brasil em 2012. O curso de Libras é aberto a todos, não é gratuito e a procura sempre tem sido grande, afirma Maria Inês Vieira, coordenadora do Programa de Acessibilidade da DERDIC/PUCSP. O Curso é oferecido na Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (COGEAE) da PUC-SP que também oferta, entre outros, os cursos de línguas na PUC-SP. “É como se fosse um curso de inglês, francês ou italiano. O aluno aprende um novo idioma”, diz Maria Inês, coordenadora do núcleo, fazendo questão de ressaltar que a Libras é uma língua, não uma “linguagem”.

Segundo ela, atualmente o curso de Libras tem 350 alunos na capital paulista, distribuídos em 23 turmas. Todos os professores são surdos. O curso tem uma carga horária de 4 horas semanais, com 60 horas semestrais a cada módulo em um total de 120 horas para cada nível – são 3 níveis: básico, módulos 1 e 2; intermediário, módulos 1 e 2; e avançado módulos1e 2. “Na Libras, o aluno não tem o recurso escrito como nas outras línguas”, destaca Maria Inês.

As aulas são ministradas nas unidades da PUC-SP nos bairros da Consolação e Vila Mariana/Santa Cruz, perto de estações do Metrô. O custo do curso é de R$ 1.200 por semestre. “A exceção é o avançado, que sai mais caro, R$ 1.400 porque as salas só podem ter 18 alunos”, comenta a coordenadora.

O perfil etário e sócio-econômico dos alunos é bem diversificado. “Existem desde adolescentes até idosos. Alguns estudantes aprendem Libras com o objetivo de trabalhar como intérpretes e tradutores. Já alguns advogados e médicos têm interesses profissionais na língua”, diz. O curso é oferecido como segunda língua para ouvintes, mas tem alguns alunos deficientes auditivos.

 

Origem da Libras

 

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) originou-se no século XIX, época do Brasil Império, durante o Segundo Reinado. Contam que o imperador Pedro II tinha uma preocupação com a educação dos surdos, que na época não recebiam nenhuma instrução. Em 1855, ele convidou o professor francês surdo E. Huet, para que viesse ao Brasil. O professor Huet fazia parte do Instituto de Surdos-Mudos de Paris (atual Instituto Nacional de Jovens Surdos, da França). Em 22 de setembro de 1857, foi fundado oficialmente o Imperial Instituto de Surdos-Mudos no Rio de Janeiro, em prédio próprio construído por ordem do imperador, hoje denominado Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. O dia 22 de setembro, data de fundação do INES, é quando é comemorado o Dia Nacional do Surdo. “Na realidade, a língua de sinais já existia no Brasil, embora ainda não fosse considerada uma língua. O professor Huet trouxe o alfabeto manual francês, que é utilizado como uma ponte entre a Libras e o português”, conta Maria Inês Vieira. “Ele também trouxe conceitos que não existiam na língua de sinais usada nas comunidades surdas da época. Assim como o Brasil teve sua origem mesclada à Língua de Sinais Francesa, a Língua de Sinais Americana, nos Estados Unidos, também”, diz a coordenadora. Na França, o alfabeto manual foi criado no século XVI.

Maria Inês Vieira diz que atualmente devem existir no Brasil cerca de 10 milhões de pessoas com deficiências auditivas. “A saúde pública deve muito à população brasileira. Cerca de 90 % dos casos de surdez têm como origem causas ambientais. Apenas 10 % dos casos de surdez no Brasil tem origem genética”, comenta.

A Derdic é composta por eixos de educação, saúde e pesquisa. A divisão conta com uma clínica de atendimento a problemas de alteração de audição, voz e linguagem, a qual tem parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) e realizou 25.790 atendimentos clínicos gratuitos em 2017. Sua Escola de Educação Básica para Surdos atende 100 alunos da faixa etária de Educação Infantil ao 9º ano. A instrução é bilíngue, em Libras e português.

Mais informações e inscrições no Curso de Libras podem ser feitas através do site: www.pucsp.br/pos-graduacao/especializacao-e-mba/curso-livre-de-libras

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