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CVI-Rio | Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro

Por: hallak

O Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro – CVI-Rio – www.cvi-rio.org.br – fundado em 1988 e liderado por pessoas com deficiência, é a primeira organização no gênero criada no Brasil.

A entidade também é pioneira na América Latina em representar o Movimento de Vida Independente, iniciado nos anos 70, na Universidade de Berkeley, Califórnia (EUA). “O propósito é emponderar e defender o protagonismo das pessoas com deficiência”, explica a fundadora Lilia Martins, psicóloga que foi presidente por mais de 14 anos e agora assumiu a vice-presidência.

Ela conta que esse movimento, com seus desdobramentos e expansão em âmbito nacional e internacional, transformou os conceitos vigentes sobre a deficiência e influiu na elaboração, desenvolvimento e promulgação de tratados como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 2007. “É importante salientar a presença de uma delegação brasileira em todo esse processo histórico”, frisa Lilia.

Desde seu início, as ações do CVI-Rio foram no sentido de afastamento do modelo médico-institucional, que é baseado numa relação de poder das instituições e dos profissionais da área da saúde sobre as pessoas com deficiência, consideradas como pessoas incapazes de tomar decisões e ter voz própria para assumir suas responsabilidades.

“Tal relação absorveu e acabou enfatizando a noção de que a deficiência estava na pessoa e, consequentemente, a incapacidade reduzia-se à pessoa, única responsável pelo longo processo de recuperação de sua independência e autonomia”, explica a vice-presidente. “A decorrente invisibilidade das pessoas com deficiência e a noção de incapacidade atribuída a este segmento social resultaram num processo de exclusão social, que foi ampliando a desigualdade entre grupos com e sem deficiência, e reduzindo oportunidades de trabalho, educação de qualidade, saúde, habitação e transporte para elas”, argumenta.

A instituição trabalha com o chamado Modelo Social da deficiência, no qual se insere o impacto do meio ambiente sobre a pessoa, entendido como fator incapacitante maior do que a própria deficiência. Portanto, a incapacidade não está na deficiência em si, mas em sua relação com o contexto social em que a pessoa vive, ocorrendo muito mais em decorrência de barreiras ambientais, obstáculos na comunicação, fatores atitudinais e emocionais negativos, gerando preconceitos, resistências e discriminações.

O CVI-Rio pauta sua atuação dentro desses parâmetros, colocando a pessoa com deficiência não com vítima, mas como pessoa com direito a defender seu protagonismo social, compartilhando com o Estado e a sociedade em geral, a responsabilidade por sua autonomia e inclusão social. “Esta é uma concepção que visa a modificar a representação da deficiência em nossa sociedade, retirando-a de seu significado estigmatizante e direcionando-a para a perspectiva da inclusão social, onde a pessoa seja percebida em sua singularidade, dentro da diversidade que caracteriza o ser humano em geral” explica a fundadora.

O serviços oferecidos pelo CVI-Rio são: Suporte entre Pares, Oficina de Tecnologia Assistiva, Empregabilidade, Adequação Postural, Infoteca, Linguagem do Corpo e Acessibilidade. Na Oficina, por exemplo, desenvolve objetos de tecnologia assistiva a partir da motivação trazida pela própria pessoa com deficiência, representada basicamente pelo desejo de exercer uma determinada atividade com maior autonomia. “Os objetos individualizados facilitam o movimento das pessoas, o uso de suas capacidades e a otimização de seus potenciais”, garante Lilia. Como exemplos, ela cita adaptadores manuais para escrita e alimentação, andadores e adaptadores corporais para adequação na cadeira de rodas como almofadas para assento e encosto e sistemas para suporte da cabeça e do tronco.

Dentro de um contexto mais abrangente, a ação se faz por meio da participação ou realização de palestras, jornadas, assembleias, congressos, e comissões de trabalho. Os atendimentos são, em sua maioria, prestados de forma gratuita, mesmo que a produção de um objeto ou produto seja executado para a adequação postural de uma pessoa em cadeira de rodas, por exemplo.

Para desenvolver seu trabalho, a entidade tem parcerias com empresas ou instituições, como a PUC-Rio que cede os espaços das instalações e equipamentos utilizados na sede, no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro/RJ. Presta serviços a empresas privadas e tem recursos de aplicação financeira, além de firmar convênios com órgãos governamentais e entidades particulares. Seu quadro administrativo e técnico tem 16 profissionais. “Atuamos junto à pessoa com deficiência, por meio de uma ação personalizada, que a coloca como agente ativo do processo em curso, frente ao entendimento de que ela terá sempre o poder de decidir sobre o produto, o equipamento ou a forma de orientação que recebe, direcionando-se para o que determinarem seus desejos e interesses. Ela tem o poder de escolha”, finaliza a vice-presidente.

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