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Em São Paulo, programa gratuito incentiva a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Por: Marcos Neves

Para a pessoa com deficiência, desenvolver a independência pode ser o diferencial para uma vida com mais qualidade. No Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado no dia 21 de setembro, o CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) destaca a importância da atuação pública na promoção à saúde e bem-estar da pessoa com deficiência intelectual.

Esse é o principal objetivo da Estratégia APD (Estratégia Acompanhante de Saúde da Pessoa com Deficiência), um programa previsto na Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência e desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da capital paulista.

Sob a coordenação e parceria do CEJAM, a equipe APD Campo Limpo, que atua na região sul de São Paulo, atende mensalmente cerca de 140 pessoas com deficiência intelectual.

As ações da iniciativa possibilitam a inclusão de pessoas com deficiência intelectual em espaços sociais, a constituição de vínculos, a autonomia e o protagonismo, oferecendo apoio para a promoção à saúde nos diferentes ciclos de vida, bem como a ampliação de sua participação social.

De acordo com o supervisor do programa, Fernando Lemos, cada paciente recebe acompanhamento com um projeto terapêutico singular (PTS), elaborado por uma equipe multiprofissional, composta por enfermeiro, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo e acompanhante da pessoa com deficiência.

“Os atendimentos ocorrem de 1 a 2 vezes por semana na casa do paciente, com atividades que envolvem toda a família, elaboradas para, em conjunto, trabalhar autonomia, independência e socialização”, comenta Lemos.

Dessa forma, o projeto visa também contribuir, por meio dos atendimentos personalizados, para sua inserção no mercado de trabalho, considerado um dos principais desafios da pessoa com deficiência.

Assim foi com Kaíque Santos Pimentel do Nascimento, com 23 anos, que trabalha como empacotador em um hortifruti graças ao programa APD. Kaíque possui deficiência intelectual leve e teve os movimentos do lado esquerdo do corpo afetados como sequelas de uma meningite.

Sua mãe, Liliane dos Santos, conta que ele sempre quis ser independente, e ter um emprego era parte importante desse desejo. Ao ingressar no programa, a equipe conseguiu uma oportunidade de trabalho e acompanhou todos os processos desde a sua entrevista. “O programa fez muita diferença na vida dele, hoje ele é mais independente, consegue fazer várias coisas sozinho, está muito feliz e realizado com o emprego”, comenta a mãe.

Liliane relata que o suporte da equipe foi fundamental para que seu filho tivesse essa oportunidade. “O carinho e cuidado que elas [as profissionais] têm com meu filho é incrível. Mesmo depois de receber alta, elas seguiram fazendo visitas no trabalho dele, acompanhando e ajudando no que ele precisa”.

Segundo o supervisor do CEJAM, de janeiro a agosto de 2020, dos 140 pacientes em acompanhamento na APD Campo Limpo, 61 receberam alta do serviço e 18 foram direcionados para o mercado de trabalho.

O especialista frisa que, para que o paciente atinja esse propósito, o trabalho da equipe é fundamental. Segundo ele, os profissionais da Estratégia proporcionam vivências em atividades voltadas ao lazer, permitindo, assim, a troca de experiências e colaborando para o seu desenvolvimento social.

“Em cerca de 6 meses, que é a duração média do programa com cada paciente, percebemos uma importante evolução na forma como ele desenvolve sua autonomia, conquistando seu espaço e tornando-se mais confiante de suas capacidades”, comemora.

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