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Em tempos de ódio e rancor

Por: hallak

Engana-se em acreditar que a política nada tem a ver com as pessoas com deficiência e é por acreditar nisso que muitas pessoas que têm algum tipo de deficiência, sabendo das dificuldades de acessibilidade que se enfrenta para exercer o direito de serem cidadãos, deixam de irem às urnas e participar das eleições, deixando assim de escolher um representante que os defenda, aceitando, por omissão e por não querer sair de sua “zona de conforto” – que nada tem de confortável – eleger políticos que desconhecem as reais demandas da classe e suas necessidades.

Somos 46 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil carentes de políticas públicas e necessitando de gestores que os represente para colocar em prática leis que já foram implantadas em nossa defesa, porém nunca exercidas. A prova disso é que mesmo com a LBI – Lei Brasileira da Inclusão – com tantas leis que nos beneficiam está engavetada em muitas gavetas de muitos governos dos estados brasileiros.

Foi pensando nisto e nestes 3 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência em Minas Gerais, estado onde moro, que aceitei em 2016 me candidatar como vereadora através do município de Belo Horizonte/MG e agora em 2018 aceitei concorrer as eleições como candidata a vice-governadora ao lado de Adalclever Lopes em Minas Gerais, desistindo de concorrer como deputada federal, cargo que eu já estaria disputando. Foi pensando nisso que aceitei encarar de peito aberto e com muita coragem, aceitei por acreditar nas causas que defendo, aceitei por nunca fugir a luta e aceitei por entender que é necessário defender sempre a verdade com fidelidade e lealdade acima de tudo. Com a certeza de que fizemos uma campanha limpa, diferenciada e com propostas nobres abordando temas jamais mencionados por candidatos ao governo de Minas, encarei, ao lado dele, esta belíssima jornada, com muita esperança e gratidão, tendo a oportunidade de apresentar propostas reais e humanas.

A meu ver não houve perdas pelo fato de não irmos para o segundo turno, mas muitos ganhos, até porque nossa campanha foi pioneira em Minas, tanto no aspecto de abordar a necessidade das pessoas com deficiência, retirando a máscara da invisibilidade, levando propostas reais para população, como por ser a primeira mulher com deficiência a concorrer ao cargo de vice-governadora em MG e de mostrar a importância de não ser uma vice “decorativa”, mas uma vice-governadora com voz e poder de ação e isto é uma grande conquista. Inovamos e fomos propositivos, fomos fieis a nossos ideais, não fizemos conchavos e não deixamos de lado em momento algum nossa verdade. Acreditamos em tudo que falamos, uma campanha limpa com planos de governo voltados também para pessoas com deficiência na saúde, na educação, no mercado de trabalho e na mobilidade urbana.

Infelizmente, em tempos de ódio e de muito medo, os eleitores não escolheram representantes legítimos, mas siglas partidárias que nada sabem a respeito da nossa causa, movidas pelo medo de serem representadas por partidos políticos que estão sendo rejeitadas por conta de tanta corrupção no Brasil. Certamente o resultado seria diferente se tivesse existido união da nossa classe, sem vaidades e sem disputa por poder, certamente o resultado seria melhor se as pessoas não estivem amedrontadas e não tiro a razão devido ao quadro caótico em que o país se encontra e, com certeza, eu, junto ao governador de Minas Gerais, o primeiro candidato a governador que abraçou nossa causa, teríamos agregado um novo valor político no meu estado não tendo medo do retrocesso que poderá acontecer.

Como diz um pensador chinês: Uma viagem de mil milhas começa com um passo. Este passo foi dado e muitos outros virão. A semente foi plantada e muitos frutos virão. Desejando fortemente que seja seguido por outros representantes políticos de todo Brasil o exemplo deste pioneirismo em Minas. A evolução é necessária e as leis estão aí para serem cumpridas por gestores empenhados e competentes. O retrocesso deve ser repudiado sempre, afinal são anos de luta para termos visibilidade mesmo que ainda tão pequena. A luta continua sem ódio e sem rancor, mas com amor e esperança !


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