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Entendendo o método Rolfing

Por: a redação

• Por Dr. Adriano Borges Amaral

O Rolfing é uma metodologia de Integração da Estrutura Humana no campo gravitacional. Trata-se de um processo terapêutico-educativo, original na sua fundamentação teórica e cientificamente validado, de reestruturação corporal e educação do movimento. Tem como principal objetivo promover mudanças na estrutura corporal, através de uma manipulação organizada do tecido conjuntivo, possibilitando uma relação mais harmoniosa com o campo gravitacional.

         A gravidade é, sem dúvida, se não a mais importante, uma das mais poderosas forças que afetam  ininterruptamente o corpo humano. O desalinhamento corporal na gravidade resulta em tensões crônicas, vitalidade reduzida, funcionamento biológico e psicológico prejudicados. O Rolfing é uma metodologia que age no sentido de liberar os segmentos corporais (membros superiores e inferiores, tronco, coluna vertebral e cinturas escapular e pélvica) de padrões de tensão adquiridos (problemas posturais) ao longo da vida. Ao permitir que a gravidade flua através do corpo e atue terapeuticamente no realinhamento dos seus segmentos, o Rolfing propicia movimentos mais livres, amplos e graciosos, como também um nível mais elevado de energia disponível.

         Pode-se afirmar que a forma do nosso corpo é resultado tanto do potencial genético como dos padrões repetitivos de uso, isto é, o modo como nos  movimentamos durante nossas atividades diárias e a forma como andamos, sentamos ou dormimos.

         Além disso, os acidentes, as doenças e os vários tipos de traumas físicos e psicológicos também têm marcante influência, afetando o equilíbrio geral do corpo. Mas o corpo é plástico e tem uma grande capacidade de adaptação aos desequilíbrios provocados pelas circunstâncias da vida. Assim, diante de tantas exigências, vamos nos modificando, criando compensações e nos adaptando às necessidades do momento. Como esse processo é constante e as adaptações inconscientes, vamos nos afastando, gradativamente, do estado de equilíbrio ideal. Começa então um processo de deterioração em que a gravidade deixa de ser uma aliada, passando a agir de forma destrutiva sobre nossos corpos.

         É a intenção de alinhar o corpo humano com o campo gravitacional terrestre que dá a base metafísica e prática a cada uma das sessões em que a técnica é organizada. Todo o trabalho se concentra na harmonização e equilíbrio do corpo com a força da gravidade que, “puxando” os corpos em direção ao centro da Terra, faz com que os mesmos, em situações nas quais seu centro de equilíbrio é afetado por fatores emocionais, mentais, energéticos ou mesmo físicos, percam sua linha central e se desorganizem, criando áreas de colapso estrutural.

         Sua metodologia consiste em uma série básica de dez sessões encadeadas dentro de uma concisa lógica anatômica nas quais são manipuladas, gradual e progressivamente, camadas superficiais, médias e profundas das estruturas miofasciais, permitindo uma mudança dos padrões de desvio que o corpo apresente. Esta mudança cria novas oportunidades de estabelecer relações mais econômicas e apropriadas energética, mental, física e emocionalmente, aumentando o nível geral de vitalidade, através de uma ampla regeneração metabólica.

         Os ganhos obtidos pelas manipulações são permanentes e progressivos, cujos efeitos não se encerram ao fim das dez sessões, continuando a se manifestar ainda intensamente num período que varia de seis meses a um ano após o término do processo. Esteticamente, o aspecto corporal melhora com o surgimento de linha de cintura mais delineada, perfil mais esguio, postura mais ereta e melhor distribuição das massas de glúteo, abdome e quadris ( o chamado culote). Existem sequências especiais de continuidade à série básica cuja época e periodicidade são determinantes conforme a necessidade individual. Não há limite de idade para se receber este trabalho que pode ser feito desde os primeiros dias de vida até a idade mais avançada.

       O Rolfing baseia-se na premissa de que mudanças nos padrões de postura e mobilidade do corpo só são possíveis graças aos fatores plasticidade e maleabilidade do tecido conjuntivo, especificamente das fáscias, que quando submetidas à energia de pressão (toque) e térmica (calor), alteram sua composição química e consequentemente sua consistência e forma.

         O tecido conjuntivo é formado por células conjuntivas: osteoblastos no osso, condroblastos na cartilagem, fibroblastos nos tecidos fibrosos, etc. Estas células secretam duas proteínas de constituição: o colágeno e a elastina.

         No interior dos tecidos as duas proteínas constituem fibras. O espaço livre entre as células conjuntivas é ocupado pela “substância fundamental amorfa”, constituída pelos feixes conjuntivos colagenosos, a rede de elastina e o líquido lacunar – linfa intersticial, assim denominada porque de seu meio os capilares linfáticos retiram os elementos que se transformarão em linfa ou plasma sanguíneo.

         A fáscia é um conjunto de tecido conjuntivo que representa praticamente  70% dos tecidos humanos e que pode representar um maior conjunto membranoso muito extenso no qual tudo se encontra ligado e em continuidade.

        Há vários tipos de camadas faciais. A fáscia superficial é muito elástica, graças à trama de sua rede de fibras. Ela pode ser modificada de vários modos. Os danos provocados por um acidente ou por uma intervenção cirúrgica geralmente são significativos, pois o tecido facial tende a se tornar mais denso e mais curto quando se recupera, como por exemplo nas cicatrizes novas e antigas.

         Esse tecido facial liga e percorre todo o corpo; as áreas mais espessas transmitem tensão em muitas direções e sua influência é sentida em pontos distantes, assim como o nó em uma malha pode distorcer a malha inteira. Veja-se a figura anexa.

         Esse é provavelmente o mecanismo através do qual os pontos de pressão ou reflexo se tornam manifestos. Nesse caso a congestão ou o mau funcionamento de um órgão interno será sentido como uma dor localizada, às vezes bastante forte sob pressão da superfície, mesmo num ponto muito distante da sua origem.

         Muitas pessoas sabem que os pontos reflexos podem ser encontrados na planta do pé. Quando os órgãos viscerais do indivíduo ficam congestionados, a pressão sobre um ponto específico da planta do pé provoca dor, às vezes intensa. Isso acontece na congestão aguda e crônica. Nessas situações de reflexos, os planos faciais podem ser a rota da transmissão mecânica.

         A fáscia profunda é uma camada mais densa também conhecida como peritônio. O peritônio é uma espécie de “bolsa membranosa” que envolve e une todas as vísceras e permite que estas escorreguem umas em relação às outras mantendo-as intimamente reunidas. É um tecido em sustentação e proteção bem como de nutrição e eliminação. Todavia, depois de doenças inflamatórias ou processos traumáticos, as camadas aderem umas às outras, parecendo estarem “coladas”. Elas não deslizam mais, mas fazem com que as camadas adjacentes sejam repuxadas umas sobre as outras, contribuindo assim para a exaustão geral e tensão. O colágeno da fáscia profunda forma feixes de fibras paralelos, visto que esta é a forma mais adequada para resistir a tensões. Por exemplo, há muita tensão nos retináculos que são faixas de fáscia densificadas que restringem os tendões ou formam polias contras as quais os músculos podem puxar. Elas encontram-se  acima e abaixo das grandes articulações: tornozelos, joelhos, pulsos e cotovelos.

  • Dr. Adriano Borges Amaral; Terapeuta Manual (atua com os mais diversos métodos de terapia manual); Fisioterapeuta; Professor de Educação Física; Especialista em Fisiologia do Exercício; Mestre em Ciências do Movimento; Professor Universitário; Docente de Cursos de Terapias Manuais; Diretor Clínico da AFA Fisioterapia e Reabilitação; Criador do Protocolo Adriano Amaral para Cura da Hérnia Discal; Mentor e Criador do Método Toque Mágico de Terapia Manual e Idealizador e Instrutor do Programa Magic Therapy Training

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