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Entrevista Cid Torquato

Por: hallak

Entrevista com Cid Torquato Júnior, secretário municipal da pessoa com deficiência de São Paulo – Jornal da AME (Associação Amigos Metroviários dos Excepcionais – Jan/FEv 2017)

“Em muitos casos, vemos pessoas realizarem mais na adversidade do que em situações tidas como normais. Gosto de pensar que devemos viver intensamente sempre”. Essa foi a mensagem que o advogado Cid Torquato Júnior, à época secretário adjuntos da Secretaria de Estado da Pessoa com Deficiência, nos deixava ao ser entrevistado pelo jornal Ame em 2014 e falar sobre sua condição de tetraplégico por conta de uma lesão na coluna. Cid estava na Croácia, em 2007, quando resolveu dar um mergulho no Mar Adriático, do alto de um píer. Como a maré estava muito baixa, acabou sofrendo o acidente.

A garra de querer viver em plenitude foi o grande motor que levou Torquato a refazer sua vida após o acidente e a assumir grandes desafios na vida profissional. Desde 1º de janeiro ele faz parte da equipe de gestão do prefeito de São Paulo, João Dória, comandando a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência.

Nessa nova entrevista, Cid Torquato fala da perspectiva de uma gestão muito antenada em sinergias com outras secretarias, tanto municipais como estaduais.

AME – Você tem experiência acumulada na secretaria estadual. O que pretende aportar em termos de gestão esfera municipal?

CID – No trabalho na Secretaria estadual sempre tive como diretrizes a interlocução com todas as áreas internas da pasta, visando pautar os projetos e ações que coordenei com um viés colaborativo e participativo. Isso também era aplicado na interação com as demais pastas estaduais, buscando estar a todo momento atualizado das ações e principais demandas nas diversas áreas, de forma a atuar junto aos demais órgãos. Agora, em nível municipal, isso não muda. Pelo contrário, por estar em um nível mais próximo do cidadão e suas demandas, é fundamental aumentar ainda mais a transversalidade de atuação e articulação de atuação junto às demais instâncias municipais. É preciso entender muito bem como as questões ligadas à deficiência vem sendo endereçadas e tratadas em todos os serviços públicos municipais, com subsídios qualitativos e quantitativos, para que possamos aprimorar, de forma eficiente e eficaz, as políticas públicas municipais.

AME – O prefeito João Dória apostará muito em plataformas tecnológicas como motor de eficiência na gestão pública. Como será, nesse sentido, a interação da sua secretaria com o governo estadual?

CID – Com certeza a interação com o Governo Estadual será um os principais norteadores desta gestão, mesmo porque a Secretaria de Estado das Pessoas com Deficiência de São Paulo, desde sua criação, atua tendo como uma de suas diretrizes básicas o aprimoramentos da articulação com os municípios. Agora, temos a oportunidade de estreitar de forma contundente essa relação no contexto da cidade de São Paulo. Trazer a visão da inovação tecnológica como principal ferramenta para a inclusão, buscando priorizar novas soluções, conceitos e ideias para as demandas de acessibilidade da cidade será o carro chefe para esta gestão. Nesse âmbito, reverberar as ações já desenvolvidas no nível estadual tem um grande potencial para trazer efetividade as ações na cidade de São Paulo.

AME – À luz do que preconiza a LBI, como você avalia a cidade de São Paulo? O que evolui desde a criação da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência em 2005, na gestão Serra? No que precisamos avançar?

CID – A criação da Secretaria Municipal trouxe, sem dúvida, maior atenção às questões e demandas da população com deficiência, pautando o assunto em nível local e nacional. O que precisa ser aperfeiçoado, e será, é a interação entre as pastas e, principalmente, o levantamento de informações e dados como o recorte de deficiência e acessibilidade e seu fluxo de compartilhamento entre as instâncias municipais. É preciso sistematizar de uma forma funcional, padronizada e efetiva os dados sobre todos os serviços públicos municipais disponibilizados aos cidadãos. Entender bem os “gaps” de acessibilidade física, arquitetônica e comunicacional e como se relacionam entre as áreas (Educação, Saúde, Transporte e Mobilidade, Assistência Social, entre outros) é primordial para nortear o planejamento e implementação de projetos e ações coerentes com as necessidades existentes e que priorizem as regiões mais carentes de recursos.

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