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Entrevista Especial – Fernando Fernandes

Por: a redação

Atleta paralímpico brasileiro, desbravador da vida e dos esportes adaptados. Ligado ao esporte desde a infância, já foi jogador de futebol profissional, boxeador amador e desfilou nas principais passarelas por todo o mundo como modelo internacional, além de ter ficado famoso participando do BBB, na Rede Globo, onde hoje apresenta um quadro de esportes radicais.

Em julho de 2009, Fernando Fernandes sofreu um acidente automobilístico, que o deixou paraplégico. Ele havia acabado de participar e com destaque, do maior reality show brasileiro, o Big Brother Brasil. Com muito empenho e força, no mesmo ano, em 2009, já se consagrou tetracampeão Mundial paraolímpico, feito que repetiu em 2010, 2011 e 2012; foi tricampeão Panamericano, Tetracampeão Sulamericano e Tetracampeão  Brasileiro, tudo na Paracanoagem. Já apresentou o quadro “Desafio sem Limites” no Esporte Espetacular e os Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 e no Rio de Janeiro em 2016.

Atualmente apresenta o quadro “Sobre Rodas”, no Esporte Espetacular (Rede Globo) e o “Além dos Limites” (Canal OFF). Também é fundador do IFF – Instituto Fernando Fernandes, uma iniciativa que tem como principal objetivo promover a não exclusão de pessoas com qualquer tipo de deficiência. Fundado em 2013 o projeto já envolveu mais de 10 mil pessoas, com e sem deficiência, em suas atividades. 

Vamos agora conhecer juntos um pouco mais desse super-campeão da vida:

Revista Reação – Quem é Fernando Fernandes ?

Fernando Fernandes – Fernando Fernandes é um cara batalhador, que luta por tudo que tem e que gosta muito dessa vida de lutas, tropeços e de conquistas. Entendi que mais importante que o fim é o caminho, é o percurso. Fernando Fernandes é alguém que sempre tem muito prazer no que faz e que sempre faz tudo com muita dedicação e excelência

RR – Quais suas principais atividades antes de seu acidente ?

FF – Antes do acidente eu trabalhava como modelo. Viajava o mundo inteiro fazendo alguns trabalhos grandes, como campanhas da Dolce & Gabbana e Abercrombie & Fitch. O esporte era algo paralelo na minha vida. Não levava como profissão, mais como um prazer diário. Lutava boxe, treinava e cursava a faculdade de Educação Física.

RR – E sobre o acidente ? Como aconteceu ? E como foi sua pós-acidente ?

FF – Foi em 2009, na volta para casa após uma partida de futebol. Acabei dormindo ao volante e acordando em um lugar cheio de luzes e cheio de pessoas com roupas brancas. Cheguei a me perguntar se ali seria o céu, pois ainda estava sob efeito de fortes medicamentos e analgésicos. Mas a situação foi se acalmando, fui tomando consciência dos fatos e entendi que estava em um hospital. Foi uma vida de renascimento, reinvenção, de reencontrar minha rota, meu caminho, quem eu era, como iria viver dali para frente e como iria lidar com todos aqueles obstáculos que estavam chegando pra mim todos os dias e em todo momento. 

RR – Quais projetos pode citar que teve a sua participação pós a paraplegia ? Quais projeções novos trabalhos para 2021 ? 

FF – Já faz mais de 10 anos que aconteceu o acidente. Então é muito tempo. Foram vários projetos. Nesse período fui tetracampeão mundial de paracanoagem; tetracampeão sul-americano, tricampeão pan-americano algumas vezes e campeão brasileiro muitas vezes. Apresentei o programa de TV “Desafio Sem Limites” no Esporte Espetacular, que depois passou a ter o nome “Sobre Rodas – Mundo T-Cross” e um programa no “Canal OFF” – Além dos Limites.  Esses, com certeza, serão os trabalhos para 2021, além dos projetos sociais como o Instituto Fernando Fernandes entre outros.

RR – Como é ser o desbravador dos esportes adaptados ? O que ainda pode vir pela frente ?

FF – Eu acho que não só no esporte, mas eu tive que desbravar muitos caminhos ! Na minha vida entendi que o meu dom, minha paixão e meu amor está ligado ao esporte, e que ele seria a minha ferramenta de comunicação com o mundo. Através dessa ferramenta fui conquistando mais, tinha força e abrindo caminhos para mim e, consequentemente, abrindo os caminhos para muitas outras pessoas.  Acho que além de ser um desbravador no esporte, sou um desbravador da vida. A mesma coisa que eu realizo no esporte, criando novos caminhos e modalidades adaptadas, que até então não existia, por aonde eu passo vou criando acessibilidade, respeito e dando forças e capacidade para as pessoas com deficiência.

RR – Suas ações motivaram o envolvimento de inúmeras pessoas com deficiência no esporte paraolímpico ! Como é encontrar, nas praças esportivas, com essas pessoas ?

FF – Acho que isso não aconteceu só no esporte paraolímpico. Mas eu pude incentivar as pessoas a saírem de casa, a ter autoestima e a valorizar quem elas são. Muitas pessoas com deficiência – numa cadeira de roda ou com algum tipo de deficiência – muitas vezes se escondem do mundo e tem vergonha de ser quem são. Acho que através das minhas atitudes, pude mostrar que a gente tem que honrar nossa história e ser quem é. Temos que ter orgulho de nós mesmos. Se tivermos cicatrizes e sobrevivemos a elas, é por que nós somos muito mais fortes que qualquer outro ser humano. Acho que esse é o meu grande papel. 

RR – E a emoção de ter sido Embaixador Paralímpico em 2016 no Rio de Janeiro ?

FF – Os jogos paralímpicos de 2016 foi algo extraordinário. Poder participar, viver e vivenciar aquilo de alguma forma foi muito engrandecedor. Fazer parte daquela festa teve um grande significado na sociedade.

RR – Qual sua avaliação sobre o estágio dos esportes paralímpicos brasileiro ? Como o mundo vê os competidores brasileiros ?

FF – Poderia ter mais incentivo no esporte paraolímpico, mas eu acho que antes de pensar no incentivo, temos que aprender a desmistificar o assunto para sociedade. As pessoas devem ter mais informações e conhecimento sobre o esporte. Precisamos mostrar para a sociedade como é o mundo paraolímpico. Explicar que as pessoas com deficiência conseguem jogar bocha com tão alto rendimento, mesmo tendo paralisia cerebral. Temos que mostrar que a pessoa consegue nadar, mesmo sem braço ou sem a perna. Falta oportunidade para explicar como são as categorias. Nós temos que explicar para o mundo o que é isso que a gente faz e da forma como fazemos. Assim entendo que ao conhecerem mais o assunto, cada vez mais vão amar o esporte paraolímpico.

RR – Qual sua expectativa para as próximas competições internacionais ?

FF – Na verdade eu não participo mais das competições na modalidade de canoagem. Estou em desenvolvimento no Kite Surfe Adaptado. São pouquíssimas pessoas no mundo praticando. É um esporte muito complexo. No próximo ano vamos tentar realizar a primeira competição adaptada do mundo. A mesma coisa que fiz, de alguma forma, com a paracanoagem, estou fazendo agora com o Kite Surfe.  

RR – Que mensagem deixa para quem acompanha a Revista Reação ?

FF – Para quem acompanha a Revista Reação que tem um grande papel na sociedade e no mundo das pessoas com deficiência, digo que o próprio nome da Revista já sugere muita coisa positiva e boa. A única coisa que posso deixar de mensagem para quem acompanha a Revista Reação é REAJA. Nada mais que isso. REAJA ! Quando a gente reage, a gente age !

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