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Esclerose múltipla é foco de esforços da ABN em atualização de procedimentos da ANS

Por: a redação

Uma das prioridades da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) para a atualização do rol da ANS é a inclusão de medicamentos relacionados às principais doenças neurológicas brasileiras, como a esclerose múltipla (EM).

A doença autoimune acontece quando a defesa do corpo interpreta partes do próprio organismo como agentes invasores, promovendo a inflamação da bainha de mielina, uma das estruturas mais importantes do Sistema Nervoso Central (SNC).

Como consequência, o paciente pode ter problemas de visão, mobilidade, fala e sensibilidade, entre outros. Pode até se tornar dependente fisicamente de pessoas ao seu redor, caso não esteja em tratamento e sua doença controlada.

“O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece gratuitamente quase todos os remédios disponíveis no mundo para esclerose múltipla. Então, de forma geral, já existe o acesso fácil pelo público. Agora, queremos ampliar essa possibilidade aos pacientes que possuem planos de saúde e optam por não passar pelo SUS. Com a entrada de novos remédios no País, a ABN está sempre em busca dessa incorporação”, explica dr. Felipe von Glehn, coordenador do Departamento Científico de Neuroimunologia da ABN.

Na última atualização do rol de procedimentos, a ABN teve sucesso na entrada do tratamento Natalizumab, fármaco usado para prevenir os sintomas e os surtos da EM. Para os pacientes da esclerose múltipla, foi um avanço significativo, tendo em vista que a cobertura da ANS até então era mínima.

Nessa nova incorporação, von Glehn afirma que a ABN, sob intermédio do Departamento de Defesa Profissional, propôs a ampliação da indicação do Natlizumabe e do betainterferona 1ª. “Como representantes da Neurologia nacional, avaliamos a questão juntamente à Associação Médica Brasileira, e tivemos o pedido atendido. Remédios como o Natalizumab, o Ocrelizumab e o Alemtuzumab estarão no rol de procedimentos, graças aos esforços da ABN”, pontua.

 

Esclerose Múltipla x COVID-19

A conquista é muito importante para os pacientes, especialmente no cenário pós-pandemia, já que o acompanhamento médico acabou sendo prejudicado pelas medidas de isolamento social e prevenção à COVID-19.

“Por um lado, os hospitais voltaram a ser prioridade do poder público com estímulos financeiros e de equipamentos. Por outro, parte da população teve de aguardar a reabertura de ambulatórios e alas hospitalares fechadas para o atendimento ao novo coronavírus. Com a retomada, é fundamental que as pessoas busquem seus médicos para retomar o acompanhamento adequado, sempre tomando todos os cuidados de prevenção”, afirma von Glehn.

Atualmente, a esclerose múltipla não possui um biomarcador específico para o diagnóstico. Sendo assim, é necessário realizar exames complementares, como os de imagem. No Brasil, os serviços de ressonância magnética não possuem fácil acesso em todos os Estados, além de, muitas vezes, serem oferecidos a preços muito altos. Para von Glehn, esse é outro aspecto a se atentar:

“Com a pandemia, tivemos um fortalecimento do SUS. Esperamos que os hospitais públicos estejam mais capacitados para receber investimentos técnicos e financeiros, melhorando e ampliando o acesso dos pacientes ao tratamento da EM”, opina.

Quanto à relação da doença com a COVID-19, o médico, que também participa ativamente do Projeto REDONE (Registro Brasileiro de Doenças Neurológicas), afirma que até o momento não há indícios de um agravamento do quadro de esclerose múltipla nos pacientes que contraíram o novo coronavírus. “Parece, inclusive, que o tratamento da EM tem um efeito protetor contra as formas graves de COVID-19. No REDONE, estamos debruçados sobre essa questão para entender o cenário completo e promover o melhor atendimento possível”, finaliza.

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