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Michelle… hoje, Primeira Dama do Brasil !

Por: admin

Durante o ano de 2000 ocorreu a realização do Congresso Mundial da “Rehabilitation International” no Rio de Janeiro/RJ. Embora, na opinião de vários de seus “conselheiros”, tenha sido um evento que fugiu dos padrões de qualidade estabelecidos pela “RI”, devido a eventuais confusões provocadas pela falta de experiência dos organizadores brasileiros, o grande evento, que atraiu participantes de muitos países do mundo, marcou época.

Como Vice-Presidente para a América Latina dessa instituição mundial, era uma de minhas múltiplas funções, fazer o possível para que enganos – previsíveis ou não – fossem corrigidos ou não acontecessem.

Na Sessão Solene de abertura, composta a mesa com autoridades devidamente credenciadas, deveria ocorrer também a execução do Hino Nacional, com a interpretação pela língua de sinais – LIBRAS – por cinco jovens alunas ou instrutoras do Instituto Nacional de Educação de Surdos, do Rio de Janeiro. Elas ficaram bem no centro do palco e um pouco abaixo da mesa de autoridades.

O grupinho postou-se com serenidade, mantendo em seu centro uma jovem mais alta e loira que lá ficaram aguardando o Hino a ser executado pela Banda Sinfônica de uma corporação militar carioca.

Fred  McFarlane, Presidente da  Comissão de Reabilitação Profissional e eu assistíamos o evento da platéia, a meia altura. E ao se iniciar o nosso Hino Pátrio, tivemos uma surpresa: a jovem mais alta, no centro do grupo, calçou um par de luvas brancas e iniciou seu trabalho interpretativo com evidente domínio gestual, ressaltado pelas luvas.

Senti-me completamente preso àquele tipo de interpretação, serena, comunicativa e… diria eu, apaixonada mesmo, chamando a atenção de todos para o trecho: “oh, pátria amada, idolatrada”… Com ambas as mãos juntas sobre o coração, com um leve balanço do corpo. Foi um momento comovente.

O Fred e eu não pudemos deixar de soltar um “Uau !”, naquele instante especial.

Terminada a sessão, enquanto o Fred encaminhava-se para o restaurante local, fiz um pequeno sinal para me esperar um pouco, porque estávamos passando ao lado do grupinho das cinco “mocinhas” que haviam desenvolvido a proeza de interpretar o Hino Nacional.

De leve toquei o braço da intérprete que usara as luvas. Quando ela se voltou para mim notei que devia ter seus 16 ou 18 anos de idade e comentei:

– Sabe ? Eu gostaria de dar os parabéns pelo tipo de interpretação que você acabou de fazer do Hino Nacional ! É a primeira vez em minha vida que isso acontece. E fiquei comovido… Parabéns mesmo !

As cinco “intérpretes” reagiram numa rodinha fechada ao comentário em uníssono e com grande alarido disseram: “Está vendo ?!?”  – “Bem que a gente comentou que seria diferente” !

E eu perguntei, dirigindo-me àquela jovem que não conseguia parar de sorrir:

– Qual é o seu nome, hein ?

– Michelle !… Respondeu ela, apertando as luvas com ambas as mãos. Olhando-me agradecida pelos cumprimentos,  com um sorriso de pura felicidade pela vitória conquistada, ficou atenta ao meu comentário.

– Continue assim, Michelle. Comunique ao Instituto a reação que não é só minha, não… Garanto que todo o mundo foi pego de surpresa. Defenda o uso de luvas brancas em eventos como este, com bastante gente presente. Foi até comovente. Você sabe !…

Identifiquei-me melhor quem eu era, para ela ter uma ideia do alcance eventual do sucesso que tivera e, ainda sorrindo muito, inclinou-se para mim e cochichou:

– Obrigada… Obrigada de verdade. Vou fazer como o senhor sugeriu. Juro mesmo.

Deu-me as mãos, um pouco atrapalhada com as luvas brancas e voltou-se para as amigas.

Deixei as cinco, com todas falando ao mesmo tempo sobre o sucesso. Ao procurar a mesa onde se localizara o Fred, fiquei repetindo comigo mesmo:

– Michelle… Michelle… Essa garota vai longe !

Pois é meus amigos… o mundo dá muitas voltas, os anos passam e todos os dias temos surpresas boas. A Michelle foi longe mesmo como eu havia previsto. Sim, meus amigos, estou falando de Michelle Bolsonaro. Só posso afirmar com tudo isso que assisti há tantos anos, que essa moça não está lá sem motivo.

Se vocês não acreditam em meu relato, só posso repetir as palavras de Gonçalves Dias no poema “Y Juca Pirama”. Ao perceber que a história do velho índio sobre as proezas de seu filho parecia inverossímil, chamou a atenção de todos os garotos que formavam uma roda, toda sentada ao seu redor e afirmou, levantando o dedo indicador:

– Meninos… Eu vi !


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