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Mudança… Deixe o novo vir !

Por: hallak

Mudança… uma das palavras mais difíceis. Não raro nos deparamos no dia a dia e muitas vezes também, durante o atendimento de Reabilitação com pessoas resistentes às mudanças de comportamento e atitudes. Aparentemente seguras no seu “status quo”, mesmo incomodadas e infelizes com uma situação não agradável, querem mudar, mas permanecem nesse estado, sem movimento para uma mudança, mesmo a desejando demasiadamente.

Decisões para mudar de cidade, de emprego, mudança de escola, mudança de casa, de relacionamentos, situações… Mudança para ser independente nas Atividades de Vida Diária e não esperar que os outros façam tarefas em seu lugar. Quantos têm tudo na mão por fazerem tudo por eles, mas essa “facilidade” pode incomodar à medida que que nrem fazer algo sozinhos e não conseguem. Mudar para realizar algo em casa, ao se vestir e até se responsabilizar por alguma tarefa ao invés de esperar tudo pronto pode ser um desafio. Mudar pode ser um processo doloroso de acordo com a história de cada um. Fazemos escolhas na vida. Essas escolhas resultam em consequências e também na possível necessidade de outras mudanças. Dar o primeiro passo é um desafio. A passividade diante da vida não exige esforço, apenas conformismo. Mas, o que acontece com essa pessoa para resistir às mudanças ? Dentre vários fatores, podemos citar a “acomodação”. A dificuldade em sair de uma “zona de conforto” muitas vezes é criada a partir de uma vida “segura e estável”. A pessoa acostumada com seus hábitos e com a situação que vive até se sente deprimida e desmotivada, mas não tem coragem de substituir esses sentimentos por felicidade e satisfação pessoal por meio de mudanças. Não se trata de masoquismo. A pessoa não consegue sair dessa prisão por pura insegurança. Porém, o novo, as possibilidades que existem além da prisão, também podem gerar incertezas, riscos e desafios.

Conviver com uma situação/dor já conhecida traz a sensação de segurança. Permanecer na zona de conforto significa prevenir-se de novos problemas (que talvez nem existam), mas ao mesmo tempo significa privar-se da oportunidade de viver novas coisas. Por isso, é tão decisivo rompermos com as acomodações que nos impedem de nos sentirmos melhores, plenos. Entendemos que os nossos comportamentos são hábitos, hábitos aprendidos. Se vivemos uma decepção amorosa, por exemplo, podemos resistir a uma nova relação. Se vivemos uma experiência negativa em uma atividade que gerou marcas negativas, isso pode gerar um receio, o que nos condiciona a não nos arriscarmos a novas situações. “Melhor” ficar como está. A zona de conforto é zona de aparente segurança, mesmo sendo em uma situação ruim. Podemos CRIAR caminhos alternativos para que haja mudanças. Porém, mudanças radicais causam medo. Mudanças gradativas é um caminho. Na medida em que conseguimos mudanças pequenas, começamos a perceber que é possível e começamos a nos permitir. Então, podemos aumentar gradativamente os caminhos de mudança.

Qualquer mudança ameaçadora deve ocorrer passo a passo. Como exemplo desse caminho gradativo podemos citar sobre horários. Acordamos sempre às 10h. A partir de amanhã vamos acordar às 6h. Difícil… Então, podemos mudar gradativamente. Durante um mês podemos acordar às 9h30min. Depois aumentamos para mais 30 minutos até atingirmos a mudança que queremos. Tendo tudo planejado, será mais fácil se sentir confiante.

O objetivo é a pessoa sentir que ela pode e consegue mudar. Porém, ela tem que ter ATITUDE de mudança para depois ter o sentimento de mudança.  O “exercício” é praticarmos hábitos novos para substituirmos os antigos. Começarmos a nos imaginar fazendo o que desejamos. Depois de um tempo, começamos a nos sentir seguros para podermos mudar, tendo atitudes como se estivéssemos na situação que desejamos. O cérebro começa a entender que é possível realizarmos. Resumindo, começa na mente. Existem hábitos químicos, hormonais que influenciam nossa ação de vida (pesquisas científicas comprovam). Hormônios positivos (endorfinas, serotoninas, dopaminas) são liberados quando fazemos ou pensamos algo que nos dê prazer e isso nos impulsiona às realizações. Então, mudar a maneira de agir gera mudança no pensamento que gera mudança no sentimento, que gera uma crença. A crença que temos em relação a nós mesmos tende a nos deixar passivos ou atuantes.

Um caso de uma pessoa em Reabilitação – CRENÇA: “meu pai era muito crítico, dizia que eu era incapaz, que nunca iria ser nada.” SENTIMENTO: “sinto insegurança, medo, raiva, os outros são melhores do que eu…” PENSAMENTO: “não vou conseguir fazer, não sou nada, sou falido, sou coitado, incapaz mesmo”. COMUNICAÇÃO: Pessoa retraída, que depende dos outros, não arrisca.

Como mudar ? Mudando a comunicação. Mudar a comunicação e fazer o caminho contrário. Comunico com atitudes mentais e atitudinais (proativas e determinadas).

Comunicação: “extrovertido, independente nas atividades diárias, encaro todo erro como um aprendizado, tenho prazer em fazer coisas novas”.

 Pensamento: “eu posso fazer o que me propuser sim !”

 Sentimento: “me sinto feliz e confiante”.

 Crença: “Eu sou capaz ! Eu sou importante”.

 

COMUNICAÇÃO gera > PENSAMENTO gera > SENTIMENTO gera > CRENÇAS (que reforçam a comunicação).

 

É um ciclo saudável quando nutrido positivamente. Na Terapia Ocupacional, no atendimento de pessoas com deficiência visual, concomitantemente nesse aspecto de mudar primeiramente a comunicação, acompanhamos muitas mudanças quando nossa postura é estarmos juntos nas atividades com a pessoa que atendemos. Porém, gradativamente, vamos atuando da ajuda total para a ajuda parcial até o ponto da independência.

Simplificando: é segurarmos juntos um garfo, fazermos juntos os movimentos, orientarmos em vários momentos até que a pessoa se alimente sozinha. Isso é exercitar a pessoa a ter um novo padrão de comportamento, uma nova comunicação. Existem muitos casos em que a crença adquirida desde a infância de que uma pessoa não seria capaz foi potencializada com alguma deficiência. Nesse processo, o caminho foi visualizar o sucesso na mente e, assim, estimular a comunicação da pessoa para que MESMO SEM SENTIR, se visse na situação que desejava e comunicasse com atitudes, palavras e ações como se estivesse vivendo o desejo. Foi então que os pensamentos mudaram os sentimentos de insegurança para confiança, “EU POSSO”, e em pouco tempo se arriscou para a mudança de independência em várias áreas da vida. Não é um passo de mágica, mas um processo. O que dependia totalmente de outros até para se alimentar, hoje viaja pelo país e contribui no orçamento familiar, realizado. Isso vale para todos e em todas as áreas.

Mudar a comunicação: agir comunicando como se já estivesse vivendo a mudança… mudanças virão. Para uns a mudança é mais simples. Para outros, pode ser mais complicado. Porém, independente da condição, tendo esforço, dedicação e perseverança, todos nós podemos ter o alvo alcançado.

* “Mudar é complicado, mas se acomodar é perecer.” (Mario Sergio Cortella)

* “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.” (Cora Coralina)
*Querer mudar e não ter atitude, não tem vida plena (Fé sem obras perece).
Portanto…  Kadimah

 

Vamos lá, avante !

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