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Novos livros para crianças e adultos

Por: hallak

Crianças gostam de se imaginar dentro das histórias, ao lado de seus personagens favoritos, vivendo muitas aventuras. A editora online “Dentro da História” lançou um projeto que permite a participação dos pequenos leitores.

Crianças com deficiência não costumam ser retratadas com frequência e a identificação, nesses casos, é sempre mais difícil.

Para preencher essa lacuna, foi criado um livro específico com uma história de Maurício de Souza, idealizador da turma da Luna, personagem que se locomove em cadeira de rodas. Por meio de um site, é desenhado o personagem da criança, onde é possível customizá-lo escolhendo olhos, pele, cabelo, roupa, cadeira de rodas, aparelho para os dentes e acessórios variados.

Após essa etapa, o desenho personalizado é inserido em um roteiro único e enviado para impressão. Com o processo de criação finalizado, o livro é enviado para a casa do interessado. “Nossa missão é ajudar no aprendizado e desenvolvimento das características de liderança e protagonismo das crianças”, explica Flávio Aguiar, um dos idealizadores do projeto. “Isso é de suma importância para os pequenos e entendemos que tem ainda mais sentido para crianças com qualquer tipo de deficiência, pois acreditamos que a eventual limitação jamais tira delas a capacidade de serem únicas, de fazerem parte de uma história e de se imaginarem como estrelas e heróis. Ficamos honrados quando vemos isso na prática e é isso que nos move”, afirma.

Mariana Marcondes fez um livro personalizado para o filho e teve a ideia de oferecer outro também para o afilhado, que tem 6 anos e paralisia cerebral. De acordo com ela, o menino sempre reclamava que os bonecos disponíveis no mercado não tinham cadeira.

“O mais importante foi proporcionar para o meu afilhado a experiência dele se ver representado como realmente é. Ele sabia que era ‘ele’ quando viu o menino de cadeira de rodas, mesmo não tendo domínio da leitura. E claro, ficou encantado em viver várias aventuras com a Luna, o Júpiter e o Cláudio”, lembra Mariana. “A ideia do livro foi de uma sensibilidade sem tamanho. Só quem vive o dia a dia com uma criança com necessidades diferentes da maioria é que entende a delicadeza do gesto. É muito difícil encontrar coisas com o tema. Eu acompanho de longe e me emociono quando vejo ele feliz e representado. Imagino como é para uma mãe”, conta.

O Dentro da História também está disponível para smarthopnes e tablets. Mais informações em www.dentrodahistoria.com.br ou na FanPage: Facebook/Dentrodahistoria.

 

Relações entre literatura e cegueira

 

Denise Schittine acaba de lançar o livro “Ler e escrever no escuro – A literatura através da cegueira”, pela editora Paz & Terra. Jornalista, doutora em Literatura Brasileira pela PUC-Rio e Universidade Nacional de Rosário (Argentina), os livros sempre foram seu grande encantamento e hoje é editora, pesquisadora e professora.          

Entre os destaques da obra estão os escritores Jorge Luis Borges e João Cabral de Melo Neto. Ela aborda as diversas formas de enxergar os textos, os desafios de leitores e autores cegos, além da importância do papel do leitor. “Quando comecei a minha pesquisa para fazer o livro, eu ainda tinha uma visão bastante romântica da cegueira. O trabalho de campo no Instituto Benjamin Constant e as entrevistas com ledores e cegos me situou na mais difícil realidade”, conta a autora.

Denise teve algumas pessoas na família que amavam os livros e ficaram cegas: “Prometi a mim mesma que, se passasse dos 30 anos sem precisar usar óculos, escreveria um trabalho sobre o amor, a literatura e a cegueira”. A pesquisa envolveu autores e leitores cegos e pretendia entender como esses amantes da literatura renovavam sua relação com o livro como criadores e leitores. “A ideia era descobrir como restauraram o afeto, a confiança a troca com o texto. E nisso as experiências eram muito parecidas: a maioria buscava os ‘ledores’, a humanização do elemento de ligação entre texto e pessoa”, revela.

A autora estava também interessada em descobrir como os cegos trabalhavam a memória ou a escuta, como ordenavam suas bibliotecas e escolhiam suas leituras, a organização da escrita, a releitura. Foram quatro anos de pesquisas que culminaram com sua tese de doutorado.

“O assunto me fez realizar voos altos  e descobrir autores, personagens, deuses e homens que criaram, descobriram e se emocionaram com o mundo sem o filtro direto da visão. Eram tantas histórias, tantos romances, tantas cantigas, vozes e descobertas, que o livro não se restringiu ao técnico, ele virou um grande tratado amoroso sobre a literatura vista pela cegueira”, conclui a autora. Seu desejo agora é que a obra, de 460 páginas, seja transformada em audiolivro para facilitar o contato com os leitores cegos.

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