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Perry Loh

Por: hallak

Empresário americano respeitado em todo o mundo e presidente do comitê internacional da Resna, entidade científica de Tecnologia Assistiva com sede nos EUA, conta os planos da sua empresa para o mercado brasileiro.

 

Fluente em espanhol e também no português, o empresário americano Perry Loh é o presidente do comitê internacional da Sociedade de Tecnologia Assistiva e Engenharia da Reabilitação da América do Norte (RESNA – na sigla em inglês) entidade que congrega mil empresas e profissionais ativos, a maioria dos quais trabalham nos Estados Unidos. Perry também é proprietário de uma empresa exportadora de produtos de Tecnologia Assistiva, a Loh Medical, que fundou em 2002.

Nascido na Dakota do Norte/EUA, é economista formado pela Universidade de Saint Thomas, em Saint Paul, em Minnesota. Ele também possui pós-graduação em Economia e Negócios Internacionais na Universidade Complutense de Madri, Espanha.

Este americano simpático e de jeito simples, que vive em Clark Summets, pequena cidade na Pensilvânia/EUA, já esteve muitas vezes no Brasil – país que visita esporadicamente e onde a Loh Medical possui uma filial na cidade de São Paulo/SP. Loh conhece como poucos o mercado latino-americano, pois viveu no Chile, onde obteve um MBA pela Escola de Valparaíso e visitou o Brasil pela primeira vez há mais de 30 anos.

O empresário é casado, tem 3 filhas e dois netos. Antes de fundar a própria empresa, Loh trabalhou na Timberland Inc. no Caribe e na Cargill Inc. nos Estados Unidos e América Latina.

Perry conversou com a Revista Reação em uma de suas estadas na filial de sua empresa no Brasil e falou um pouco sobre o mercado de Tecnologia Assistiva na América Latina e no Brasil. Segundo ele, o mercado brasileiro possui muito potencial para crescer, mas faltam medidas mais amplas que reduzam a burocracia, facilitem a importação e exportação e democratizem produtos de tecnologia de ponta para as pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida.

Revista Reação – A Loh Medical atua há 7 anos no mercado brasileiro. Como e quando o descobriu que existia potencial para vender produtos da indústria assistiva no Brasil ?

Perry Loh – Eu conheço o Brasil há 30 anos e gosto muito desse país. A nossa missão é promover a mobilidade e a independência das pessoas e o Brasil tem uma necessidade grande disto.

RR – Por já ter morado lá, a primeira operação da Loh Medical começou no Chile ?

PL – Na verdade, começamos em 2002 nos Estados Unidos. Primeiro, começamos a exportar para o México e os países do Caribe, mais tarde entramos no Chile. Lembro que um ano depois abrimos a operação no Brasil. Não temos uma estimativa do mercado brasileiro e dos outros países latino-americanos, apenas os números das alfândegas (o mercado brasileiro é estimado em R$ 10 bilhões ao ano). O que sabemos é que o número estimado do mercado no Brasil é muito menor do que poderia ser se considerarmos o tamanho da população do país. O Chile tem 18 milhões de habitantes e proporcionalmente consome mais que o Brasil, que tem mais de 200 milhões de pessoas.

RR – A Loh é uma distribuidora de produtos das marcas Jay, Breezy e Pride, entre outras de cadeiras de rodas, andadores e almofadas. Em sua opinião, no momento, quais são os mercados mais promissores da América Latina ?

PL – Além do Chile, sem dúvida a Costa Rica e a Colômbia. A Costa Rica tem apenas 5 milhões de habitantes, mas o serviço de saúde pública é muito bom, cobrem todos os custos médicos das pessoas com deficiência. De cinco anos para cá, outro país que se tornou um mercado importante é a Colômbia. O Congresso colombiano aprovou uma Lei, em 2013, que determinou que o governo nacional compre para todas as pessoas com deficiência os equipamentos médicos que elas precisem para mobilidade, fisioterapia e reabilitação. E funcionou, é impressionante o progresso colombiano na questão do acesso das pessoas com deficiência à tecnologia assistiva.

RR – O Brasil e o mundo estão preocupados cada vez mais com a customização e a adequação postural de cadeira de rodas e outros equipamentos para que os produtos fiquem de acordo com as necessidades dos usuários. A Loh faz isso com os seus produtos no Brasil ? Existe uma equipe técnica para este trabalho ?

PL – Sim, nós já fazemos isto no Brasil e nos outros países. A customização ou a adequação postural é uma realidade mundial. A tecnologia que as pessoas mais precisam é a relacionada com a postura nas cadeiras de rodas ou nas poltronas e camas: almofadas, encostos, para que elas se sintam mais confortáveis e com saúde. Imagine uma pessoa que passa o dia inteiro na cadeira de rodas, ela precisa se sentir confortável e estar com a postura correta indicada por seu médico ou fisioterapeuta. Se a pessoa sofrer uma lesão, vai parar no hospital. Por isto a questão da postura corporal é muito importante.

RR – O foco da Loh Medical também é trabalhar com produtos de marca própria ?

PL – Sem dúvida, entramos neste nicho nas cadeiras de rodas. Hoje conseguimos vender uma cadeira de rodas standard, da marca Loh Medical, a R$ 2.490 no Brasil. É uma cadeira importada dos Estados Unidos, básica, mas com tudo que tem uma cadeira internacional. Nosso público para esta cadeira é o atacado e as instituições como:  hospitais e clínicas. Tudo, mas tudo mesmo o que vendemos, é padrão internacional: os consumidores americanos, canadenses, mexicanos, franceses e brasileiros receberão o mesmo produto, sem nenhuma alteração. Na verdade, nosso trabalho começa com a configuração do produto para o cliente quando o pedido é feito na loja. O cliente nos informa onde mora, quais são suas medidas, peso, qual o uso que ele fará da cadeira de rodas ou do equipamento. A partir daí é que parte a ordem de produção para os Estados Unidos.

RR – O mercado brasileiro tem potencial, mas a burocracia é um entrave na produção e no comércio. Quanto tempo a Loh  leva em média, para registrar um produto na ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária brasileira ? E quanto tempo esse processo leva em outros países latino-americanos ?

PL – Perdemos em média 1 ano para registrar um produto na ANVISA. É triste, porque isto é um obstáculo para o consumidor brasileiro receber um produto de ponta que é lançado nos Estados Unidos. Vou te dar um exemplo: no Chile, perdemos em média dois meses para registrar o mesmo produto. O processo é bem mais rápido e menos burocratizado em outros países.

RR – Em quais segmentos a Loh Medical pretende investir para tornar os produtos mais conhecidos ?

PL – Pensamos em continuar a investir e a crescer, não temos uma mentalidade de curto prazo. Vamos investir em marketing e em divulgação, porque os médicos e profissionais de saúde precisam conhecer nossos equipamentos para indicar aos pacientes. Temos fé no Brasil !

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