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Personagens com deficiência ganham espaço na literatura

Por: hallak

Um livro lançado na Argentina, em 2013, chegou ao Brasil em novembro último trazendo as aventuras de três jovens: um em cadeira de rodas, outro surdo e uma menina cega.

“Agentes especiais e o mistério na fábrica de celulares”, conta a história de heróis adolescentes que tiram proveito das próprias deficiências para desvendar um complicado caso que envolve a família de um deles e a exploração de pessoas que ganham implantes cocleares.

O autor é o brasileiro, Vinícius França, ator, escritor, apresentador de um programa no Disney Channel e professor de literatura no projeto “Carava das Artes”. Lançada por aqui pela SESI-SP Editora, a obra tem como o objetivo principal divertir e emocionar o leitor. “Além de cumprir a função própria da literatura, ainda tenho dois desafios: o primeiro é possibilitar que pessoas com deficiência se reconheçam em personagens protagonistas, heróis, e sem nenhuma atitude vitimista ou de coitadinhos. Os jovens com deficiência precisam de referências positivas, inclusive na ficção”, explica. “O outro, e de forma alguma menos importante que o primeiro, é desmistificar o olhar dos leitores em relação a essas pessoas e assim acabar com alguns preconceitos ainda existentes. São verdadeiros heróis no dia a dia, superam obstáculos enormes e poderiam contribuir muito mais com a sociedade se houvesse espaço para isso”, conta o autor.

França afirma que sempre teve interesse pelo tema. Uma curiosidade que o fazia querer estar perto dessas pessoas e saber mais. “No jardim da infância, tive um amigo com Síndrome de Down, adorava aquele garoto, passava o tempo todo brincando com ele. Depois vieram os surdos que conheci no Recife/PE numa viagem, por meio da minha prima que era intérprete de Libras e percebi que precisava falar deste universo a outras pessoas que nem imaginavam o quão rico era. Quando comentava com meus amigos sobre os surdos, por exemplo, escutava comentários muito distantes da realidade, e uma curiosidade natural quando eu contava alguns acontecimentos. Percebi que muito mais gente poderia ser transformada por esse tipo de história”, argumenta.

Para escrever o livro, ele se baseou em um documentário que realizou, o primeiro no Brasil sobre educação de surdos: “Este trabalho, feito na faculdade, me deu muito conhecimento sobre a surdez e as necessidades da comunidade surda brasileira. Para falar sobre os cegos e os cadeirantes pesquisei mais, pois meu conhecimento era somente de poucos contatos que havia tido com algumas pessoas”, lembra.

O caso da fábrica de celulares é o primeiro a ser desvendado pelo time de detetives. O autor explica que a ideia é escrever uma trilogia com os personagens Phillip e sua cadeira de rodas, o surdo Nicolas e a cega Carla, dona do cão-guia Nex. Depois, acredita que personagens com deficiência sempre estarão em seu trabalho. “Não consigo escrever sobre personagens convencionais, loiros de olhos claros, felizes e bem sucedidos. O mundo alternativo sempre me seduziu muito mais e é o que me dá estímulo para continuar criando histórias”. O livro está à venda em livrarias e no site:  www.sesispeditora.com.br.


Audiolivro conta história de jovem cega

 A escritora carioca Thati Machado é muito conhecida na internet, onde acumula mais de 1,5 milhão de leitores. Ela começou a publicar as primeiras histórias no Orkut, tem um canal no Youtube e agora lançou “Com outros olhos” na maior plataforma de serviço de audiolivros por streaming da América Latina, o Ubook. Funciona como uma espécie de Netflix de audiolivros: com uma assinatura mensal ou semanal é possível ouvir qualquer um dos mais de 10 mil livros com títulos em português, inglês e espanhol. O aplicativo para audiolivros existe desde o começo de outubro de 2014 e atualmente já conta com cerca de 1,5 milhão de usuários registrados, em mais de 120 países.

Thati conta a história de Lana, que fica cega depois de um grave acidente com o namorado, Lucas. Destinada a ultrapassar todos os obstáculos que a vida lhe impõe, ela ingressa na Companhia Raoul de Teatro – com a ajuda de seu irmão – sem que saibam de sua deficiência. Seus companheiros de trabalho parecem não facilitar a vida da moça, principalmente Arthur, que interpreta seu par romântico na peça. Lana vai descobrir que uma vida sem luz ainda pode lhe oferecer tudo que uma garota sempre sonhou. E que as aparências sempre enganam.

A autora está acostumada a fugir do padrão: com sistema imunológico autoimune, ela luta contra as doenças que podem atingi-la caso coma algo que possa infectá-la. Mesmo assim tem sobrepeso, o que a faz militar contra o preconceito sofrido por pessoas gordas. Com Lana, a autora trata sobre como os cegos são vistos pela sociedade. Ao escrever sobre estes temas, Thati trabalha a questão da representatividade e muitos acabam se identificando e se auto-reconhecendo nos personagens e descobrem que podem ser felizes. O livro foi narrado pela própria autora, com participação do ator e narrador Adriano Pelegrini. A plataforma está disponível para Web, iOs, Android e Windows Phone. Mais informações em: www.ubook.com.


Pedroca, o menino que sabia voar

O livro de Karolina Cordeiro, articulista da Revista Reação, e do ilustrador Jótah (José Roberto de Carvalho) está pronto para ser lançado. Na vida real, o filho dela, Pedro, tem a Síndrome de Aicardi-Goutières e o texto fala sobre o poder da imaginação e da criatividade dele. A ideia é mostrar como a vida pode ser bela dependendo da forma como a enxergamos e ninguém melhor que o Pedroca para dar exemplo disso.

 


Qual o limite da mente de uma criança que não fala, não anda, não se movimenta ?

Ao mesmo tempo, seus olhos demonstram luz, cor e alegria ao imaginar figuras imagináveis e inimagináveis. O livro é voltado especialmente para as escolas. Acompanha encarte sugerindo atividades em sala de aula, com desenvolvimento de trabalho manual com papéis coloridos, buscando estimular o “olhar que não se vê”, demonstrando que, na diversidade, é possível enxergar potencialidades e talentos dos alunos. Os autores articularam um esquema de venda antecipada (R$ 30) para financiar a finalização da obra. Mais informações pelo site: www.projetoangelhair.com.br

 


Grito Silenciado: conceitualizações de Violência na Comunidade Surda

Um livro que fala sobre Libras – Língua Brasileira de sinais, principalmente no processo de língua oral, no caso, a tradução da língua portuguesa para a língua de sinais enfocando a temática da violência sob a perspectiva do próprio sujeito Surdo. O interesse por esta temática surgiu do envolvimento do autor – Nilton Câmara – desde 1998 com a Comunidade Surda e pessoas com deficiência, enquanto Intérprete de Libras e facilitador da inclusão e acessibilidade em nossa sociedade. Estudos como este servem de apoio para educar as pessoas a respeito da violência vivenciada por deficientes, bem como, demonstrar o que pode ser feito por uma variedade de agentes intervenientes, como, por exemplo, Governo e Prefeituras, provedores de serviços, sociedade civil e associações de pessoas com deficiência de modo geral, para acabar e/ou diminuir com a violência contra a pessoa surda, motivando agências que lidam com violência para que incluam a prevenção da violência contra os deficientes em seu trabalho, e de incentivarem as pessoas com deficiência para se protegerem contra os variados atos de violência.

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