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Professor desenvolve órteses em 3D após diagnóstico de Pé Torto da filha

Por: a redação

Algumas iniciativas podem transformar a vida de outras pessoas e contribuir para que tratamentos como o de Pé Torto Congênito (PTC) seja feito com sucesso e as crianças que nascem com essa deformidade possam ter uma vida normal. Um exemplo de inspiração para todos nós está acontecendo em Curitiba. O professor de engenharia mecânica Sérgio Fernando Lajarin, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), após o diagnóstico de pé torto congênito da filha resolveu desenvolver órteses ortopédicas na impressora 3D.

O dispositivo que custa em média R$ 500 adquirido em lojas especializadas, se fabricado no laboratório de impressão 3D da instituição, sai por R$ 30 cada. Um valor bem acessível!

Além de produzir para sua filha, desde 2018, o professor fez cerca de 40 órteses e doou para o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, para as crianças cujas famílias não têm condições de comprar. 

 “Comecei a fabricar e doar para outras crianças. Como minha filha Isabela, de 2 anos, fez o tratamento todo em um hospital público, sabia que lá mesmo havia famílias que precisariam do equipamento. Minha filha até hoje só usou as órteses que a gente produziu, não teve nenhuma comercial”, explica o professor.

Método Ponseti

A maioria das crianças que nascem com os pés tortos podem ter os membros corrigidos ainda quando bebês em seis a oito semanas com manipulações adequadas e aplicação de gesso. O tratamento pelo Método Ponseti é baseado no entendimento da anatomia funcional do pé e da resposta biológica de músculos, ligamentos e ossos às alterações de posicionamento obtidas pelas manipulações seriadas, aplicação de gesso e uso de órtese.

De acordo com a ortopedista pediátrica Ana Laura Munhoz da Cunha o pé torto congênito é uma doença comum, passível de tratamento. “Atinge uma a cada mil crianças. Em alguns casos é possível ter um diagnóstico intra-útero, e com o tratamento elas ficam bem. “Uma criança com esse problema precisa ter os pés engessados nos primeiros dias de vida. Ao longo dos meses, os gessos são trocados de cinco a oito vezes, até o tratamento ter continuidade com as órteses. “Elas precisam ser usadas por 24h nos primeiros três meses, depois a criança coloca só para dormir até os 4 anos. O aparelho criado na impressora 3D é uma alternativa para os pacientes que não têm situação econômica favorável, mas ela não é ideal porque possui algumas limitações, como não permitir a rotação”, explica Ana Laura.

Os aparelhos são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), porém, pode demorar meses até ficar pronto, o que prejudica o tratamento. Por isso, muitas famílias precisam arcar com o custo. Na UFPR, Lajarin desenvolveu os protótipos das órteses amparado por um médico até chegar a uma versão aprovada. Como ele conta com ajuda dos alunos da instituição, consegue confeccionar os equipamentos sem custo de mão de obra.

O desafio agora é tentar criar uma órtese que seria o passo seguinte ao tratamento, quando a criança passa de pouco mais de 1 ano. “O modelo que fazemos é genérico, são dois tamanhos para bebês em torno dos 4 meses, e outro maior, para cerca de 7 meses. Depois de 1 ano, a órtese precisa ser personalizada para cada formato de pé, o que é um pouco mais complicado”, ressalta Lajarin.

Tomografia em 3D

Depois das órteses, o professor também pretende desenvolver outros produtos que possam ser utilizados nos hospitais e otimizem os tratamentos médicos. Um deles são os modelos cirúrgicos, impressos em 3D, em tamanho real, que simulam, por exemplo, a coluna de uma criança, baseada em imagens geradas por tomografias. “Com esses modelos anatômicos, a equipe médica pode planejar as cirurgias, em vez de tomar decisões a partir de tomografias e imagens 2D. Fiz para minha filha e ajudou os médicos a decidirem que não era o momento de fazer uma cirurgia. Já fizemos quatro modelos para quatro crianças, o material tem custo baixo, mas leva tempo para montar”, adianta o docente.

Isabela, de 2 anos, possui um problema na coluna e atualmente está usando um colete de gesso para correção. O pai também deve desenvolver a peça em plástico, na impressora 3D por meio do mesmo processo. O professor explica ainda que o colete poderia ser impresso de forma plana, como se fosse uma folha de papel, depois é colocado sob água quente e se torna maleável para ser moldado. “Quando o material volta na temperatura ambiente, fica na posição que foi deixado. Ele é fácil de trabalhar porque toma o formato do corpo. A impressora 3D permite a fabricação de qualquer forma geométrica por mais complexa que seja”.

Fonte: Uol | Pé Torto/Mundo Adaptado

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