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Quem diria… Da cadeira de rodas emprestada, para a Produção da Mobility Rio 2017 !!!

Por: hallak

Por Fábio de Seixas Guimarães. Repetirei mil vezes… um milhão de vezes se preciso for: sentei em uma cadeira de rodas, emprestada por André Fuentes, no início de julho de 2013, para entender as dificuldades de uma pessoa com deficiência – PcD, naquele meio de locomoção. 

Na cadeira aprendi ver outras PcD e compreender um pouco o que significam as barreiras arquitetônicas e “atitudinais” em suas trajetórias. Eu queria desde sempre “Buscar Legados de Acessibilidade” que seriam deixados para a Cidade Maravilhosa após Copa 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. Foi daí que surgiu o BLA – Busco Legados de Acessibilidade e o slogan: “Não sou cadeirante, mas… e se fosse ?”

            Quem diria ? Quatro anos depois o grande LEGADO passou a ser as pessoas que encontrei no caminho. Dentre tantas pessoas está Rodrigo Rosso, que me escolheu como Representante da Revista Reação no Rio e hoje me incorpora à Equipe que trará para o Rio de Janeiro, em julho próximo, uma das mais conceituadas Feiras sobre o tema ACESSIBILIDADE no Brasil: a MOBILITY & SHOW… ou como já estamos chamando cariocamente: MOBILITY RIO 2017 !

            Quem diria ?… Dias 7, 8 e 9 de julho estaremos na Marina da Glória neste grande evento, todos juntos !

É muito estranho ver hoje um pavilhão vazio, com uma escadaria na entrada que assusta qualquer um com a mínima dificuldade de locomoção. Por outro lado, é contagiante pensar que de peça em peça montaremos um quebra cabeça que, receberá algumas milhares de pessoas nos seus 4 dias de movimento. Movimento ! De gente que entra, gente que sai, gente que circula no meio de gente. Gente curiosa que vai fazer test-drive nos carros adaptados, que vai se ver apaixonada no meio de tanta novidade, de tanta invenção criada para essa gente e por tanta gente. Gente diferente ? Diferente somos todos nós que, de uma forma ou de outra, desejamos simplesmente ir e vir em paz.

            Parecia utopia em 2013. Mais uma fantasia ? Mais um personagem ? Eu só queria ter “mais” direitos para quem já possuía o Direito de andar pelas calçadas, de entrar e sair dos lugares, de curtir os bares da Cidade dos belos mares que, se dizia Maravilhosa, mas infelizmente, não para todos… ainda.

            Em 2013 eu partia sozinho, na minha cadeira. Meu ponto de chegada, talvez fosse o dia da minha despedida. Embora o rumo parecesse inserto, eu sempre soube que faria de cada barreira um trampolim para chegar no outro lado com dignidade. Não foi a toa que tenho uma lista bastante grande de pessoas que estão prontas a me orientar nessa caminhada. Caminhada onde conheci Rodrigo Casemiro, meu segundo professor sobre a vida de um cadeirante. Iniciada com meu primo Beto, lá em São José do Rio Preto/SP, que me ensinou o B-A-BÁ da arte de “cadeirar”, como denomino.

Caminhada que continuou em Copacabana em julho de 2013, articulada por Geraldo Nogueira e que me fez conhecer Andrei Bastos, Izabel Maior, Regina Cohen, Elizabeth Marge, João Batista e Célia Bialenki e, rever amigos de outras caminhadas, como Hilton Caruso (Pulga) e outros tantos mais em vários movimentos naquele ano e nos demais, já com uma cadeira doada por Francisco e Silvia Gomes, da Casa Ortopédica RJ.

Foi com todos que estiveram no meu caminho, que aprendi que o lema era:  “Nada sobre nós, sem nós”. E com isso comecei a me sentir parte do “nós” !

            De lá até os dias atuais, tantas coisas aconteceram. A Copa de 2014 passou e de legado mesmo alguns poucos estádios.

No Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos, tanto debatemos, tanto argumentamos, tanto destruíram, tanto construíram e alguma coisa ainda resta de acessibilidade por aqui. O transporte urbano melhorou bastante com o Metrô, o BRT e VLT, embora com muito ainda a ser feito e ajustado.

            É com muito orgulho que, hoje olho para trás e entendo o porquê de fazer parte da Equipe Mobility & Show Rio 2017… Isso, para mim, é um coroamento de 4 anos trabalhando por mais acessibilidade das PcD ou com mobilidade reduzida. Me sinto até envaidecido, por ser peça importante de uma engrenagem preocupada com a mobilidade urbana deste público tão invisível a boa parte de nossa sociedade.

De um lado, tiramos o chapéu para o Poder Público e algumas Empresas Privadas por terem se esforçado por essas melhorias. Por outro lado, o Ministério Público e as Instituições, e parte da sociedade, continuam na luta por melhorias.

No entanto, há muito a melhorar e, para isso, é preciso mostrar a uma outra parte da sociedade – aí incluídos muitos políticos, empresários, cidadãos comuns – que,  por algum motivo não se atentam que gerar acessibilidade é uma tarefa para todos nós.

E o que a Mobility Rio 2017 tem a ver com isso ?

Ela vai acontecer em um dos locais públicos mais bonitos do Rio de Janeiro e receber, gratuitamente, mais de 5.000 visitantes !!!

E se Deus quiser, dentre eles, Você meu amigo e minha amiga !

Vai reunir muitas empresas, montadoras de automóveis, e instituições parceiras importantes, como: ABBR, CVI Rio, ANDEF, IBDD, AFR, IBC, Instituto Novo Ser, Rio Power Soccer, LEI SECA, Sub-Secretaria da PcD, prefeitura, governo estadual,  governo federal… enfim… Todos num só objetivo: a ACESSIBILIDADE, a MOBILIDADE… e uma melhor QUALIDADE DE VIDA para as pessoas com deficiência, familiares, idosos e pessoas com mobilidade reduzida em geral.

Dentre tantos parceiros que vão ajudar a fazer o sucesso desse evento, destaco os amigos que com certeza, deixarão sua marca na Mobility Rio 2017, inclusive com palestras nos auditórios. São eles: Dr. Armando Nembri, a advogada cega Deborah Prates, a psicóloga Dolores Affonso, citando apenas algumas dentre tantos tão importantes, como o amigo Geraldo Nogueira aqui já citado, por exemplo. Enfim… tantos cariocas maravilhosos, mas também, gente importante, com e sem deficiência, que virão de todo o Brasil para a Mobility Rio 2017 a convite do amigo Rodrigo Rosso.

            Pois é pessoal… “Não sou cadeirante, mas…e se fosse ?”… Se fosse, talvez não tivesse tomado tantos tombos da cadeira de rodas, talvez não tivesse ouvido tantos cadeirantes dizerem: “Fábio faz o milagre, levanta !”… Se eu fosse cadeirante, talvez não tivesse me atrasado a tantos compromissos por não ter a habilidade necessária para isso. Se eu fosse cadeirante, talvez soubesse levar a vida com mais leveza, como muitos dos meus amigos levam, em suas cadeiras de rodas, na escuridão dos seus olhos, ou mesmo no silêncio dos seus dias… Se eu fosse cadeirante, jamais poderia estar fazendo o que faço hoje: emprestar minhas pernas para alguns, meus olhos e ouvidos para outros e, ao mesmo tempo protestar, em nome deles e no meu próprio, contra tanta invisibilidade.

Entenderam agora o porquê do orgulho deste que vos escreve ?

De militante solitário em uma cadeira de rodas emprestada, há exatos 4 anos… passei agora a ser o Produtor Local de uma das maiores Feiras do segmento no Brasil. Agora começo a acreditar que a Cidade Maravilhosa, com a união de Todos Nós, poderá se tornar, quem sabe um dia, uma CIDADE MARAVILHOSA de verdade, mas PARA TODOS. E tenho certeza que a Mobility Rio 2017 vai ajudar e muito nesse processo !!!

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