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Sábado é dia de festa em praia sergipana !

Por: hallak

Todas as manhãs de sábado, de 9h às 12h, a praia da Aruana, na altura do bar e restaurante Solarium, em Aracaju/SE, recebe um grupo animado de pessoas que podem praticar o bodyboarding orientadas por voluntários da Organização Beneficente Estrelas do Mar.

Idealizado por Byron Virgílio dos Santos Silva, diretor, e a esposa Anne Christiane dos Santos Bastos, coordenadora geral, o evento é usado como ferramenta de inclusão social para pessoas, com algum tipo de deficiência ou não, que desejem conhecer a prática esportiva de perto.

O projeto foi inspirado no primo-irmão do diretor, o bodyboarder José Ailton Sebastião Santos Silva, conhecido como Aílton Kostela, que morreu em 2010 na tentativa de impedir que um jovem fosse assaltado. O sonho dele era criar uma escola do esporte que atendesse jovens carentes das zonas de risco de Aracaju. Byron, também apaixonado pelo esporte, resolveu colocar o projeto em prática, envolvendo também pessoas com algum tipo de deficiência.

No dia 26 de junho de 2011 foi implantado o “Projeto Estrelas do Mar” que hoje tem 115 pessoas cadastradas, entre alunos típicos e aqueles com necessidades específicas, mas a média de frequência às aulas é de 45 alunos. “A diversidade de deficiências é vasta: Síndrome de Down, Transtorno de Espectro Autista (TEA), Paralisia Cerebral, Síndrome de Noonan, deficiência visual, hiperativismo, entre outras”, informa Anne.

“Contamos hoje com 50 instrutores frequentes, cujo trabalho é integralmente voluntário e isento de contribuição financeira, tanto por parte dos alunos assistidos quanto dos voluntários participantes, não havendo qualquer tipo de financiamento”, explica a coordenadora.

Anualmente é promovida uma feijoada, em que o valor arrecadado com a venda de ingressos garante a execução do Projeto no próximo ano no que se refere a despesas como lanche fixo, serviços gráficos, guarda-vidas e itens para a manutenção básica, entre outros. Segundo Anne, há necessidade emergente de pranchas, cordinhas, pés de pato, que são materiais necessários diretamente à prática e alguns outros itens que trariam uma melhoria à qualidade da aula.

A coordenadora informa que o projeto não é uma atividade para pessoas com deficiência, tratando-se sim de uma proposta de inclusão e interação social: “Notamos a construção de laços de amizade e a materialização de valores como respeito mútuo, solidariedade, companheirismo e dedicação. Vemos as relações afetivas entre os alunos e os seus genitores serem fortalecidas, além de percebermos aflorar o sentimento de liberdade e aceitação por conta dos alunos ao serem submetidos a todas as atividades propostas”.

Ronaldo Martins, que tem Síndrome de Down, participa das atividades desde 2011. A mãe dele, Marieta Souza, conta que não falta nenhum sábado porque ele adora atividades aquáticas. “O que mais me surpreendeu foi saber que Byron e Anne, os criadores do Projeto, são dois policiais que não têm ninguém com deficiência em sua família e estavam ali se doando para estimular nossos filhos a praticar bodyboarding, conta.

Marieta afirma que o Projeto faz toda a diferença na vida deles: “O que me encanta é ver esses jovens voluntários, que numa manhã de sábado poderiam estar com as famílias, surfando ou praticando seu esporte favorito, preferirem estar ali, dedicando todo carinho e atenção a nossos filhos. Os meninos vão para o mar com toda segurança. Ninguém vai para a água sem um instrutor e o carinho desses voluntários é o que nos deixa tranquilos”, completa.

A articulista da Revista Reação, a arquiteta Luciene Gomes, saiu de sua cadeira de rodas e participou das atividades, ficando empolgada com o que viu: “O projeto é lindo e é conduzido por pessoas que simplesmente resolveram olhar para o outro e, de alguma forma, mudam a vida de cada pessoa que passa por aquela praia. Entrei no mar depois de 19 anos graças ao Byron, à Anne e aos voluntários que levam o projeto adiante. Naquele momento só consegui sorrir porque me faltaram palavras para dizer o quanto foi especial. Sou grata para sempre e espero que as pessoas olhem e apoiem todo aquele trabalho feito com tanto amor ! O Estrelas do Mar não pode acabar !”.

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