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Ser mãe de Autista…

Por: hallak

Ser Mãe de Autista ! Meu filho, Gabriel, completou 19 anos no dia 15 de agosto. São 19 anos de autismo. Quando recebi o diagnóstico em 2001, não me desesperei, nem fiquei em LUTO ou qualquer coisa do tipo. Parecia que eu já estava preparada para ser mãe de um filho ‘diferente’!

O autismo me transformou ! Tenho outras prioridades e a partir do diagnóstico travei uma luta contra esse ‘transtorno’ ! A primeira escola que me filho frequentou era só para autistas. Ele com dois anos e meio e eu no meio daquele turbilhão. Foi ali, que eu me prometi que ele não seria uma PORTA ! Que iria me reconhecer e que eu não o deixaria ser cuidado por ‘babás’, isso porque eu ouvia relatos dos danos causados nas crianças e adolescentes quando esses ‘profissionais’ decidiam mudar de emprego ! O comportamento do Gabriel sempre foi o meu maior desafio ! Com essa idade, dois anos e meio, ele abria embalagens de brinquedos nas lojas, tinha fixação por filmes infantis, queria ir à locadora todos os dias, corria muito, fazia birras, mordia, derrubava e quebrava as coisas em casa. Foi uma fase muito difícil, mas eu estava preparada para ser mãe de um filho diferente ! Eu acho ! A linguagem também foi sempre um desafio. A maioria das pessoas com TEA – Transtorno do Espectro Autista – são não verbais. Gabriel, com um ano de vida, parou de falar. Sempre é assim. Os sintomas do autismo ficam mais evidentes a partir de 2 anos. O atraso na fala, a dificuldade de socialização e o comportamento são as principais características do autismo. Ele teve muita sorte, a sua primeira fonoaudióloga, Cristina Aguirre, indicada pela neurologista que deu o diagnóstico, foi maravilhosa. Eu participava das sessões e aprendi muito com ela. Sempre que faço uma pergunta, repito 3 mil vezes e espero uma resposta. E assim, ele começou a falar. Hoje, ele já fala frases e meu coração se enche de alegria quando eu escuto aquela vozinha dizendo: ‘mamãe Andréa’ !

Gabriel não se adaptou na escola especial para autistas e optei por uma escola regular. Visitei algumas escolas e quando eu falava que ele era autista, a vaga sumia ! Na quinta, já montada no ‘jiráia’, rodei a baiana e consegui efetuar sua matrícula. A escola era linda, tinha uma área verde fantástica, contratei uma mediadora muito experiente e pensei: agora vai ! Mas, com o passar dos anos percebi que ele não conseguia aprender, não existe currículo adaptado e autistas só apreendem com métodos específicos e, ao meu ver, escola não é para socializar ! Então aos 10 anos ele começou a se auto agredir e o neurologista Marcos Mercadante (in memorian), que mais entendia de autismo no Brasil, confirmou que era baixa estima ! Seguindo as recomendações do médico, ele saiu da escola e há 9 anos não frequenta nenhuma. Faz terapias com o método teacher e ABA na clínica Qualid Vida, em Volta Redonda/RJ e com a Viviane de Leon e aulas de personal com a professora Tatiana Brupp.

Minha maior luta é a criação de uma escola, no Rio de Janeiro/RJ, para autistas, com métodos específicos, pelo poder público. São milhares de autistas sem escola, presos em casa em pelo século XXI. Ser mãe de autista não é uma tarefa difícil ! A cada sorriso, conquista, palavra pronunciada, comportamento adequado, meu coração se enche de alegrias e forças para continuar na batalha, pois o autismo não dá tréguas. Mas o AMOR incondicional que sinto pelo meu moleque é o meu maior aliado !

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